Fortaleza tem 54 vagas do Mais Médicos sem reposição

Quase 24% dos cargos autorizados para a cidade não tiveram edital de substituição publicado pelo Ministério da Saúde. Prefeitura busca alternativas para garantir a permanência de profissionais em unidades de Atenção Básica

Escrito por Nicolas Paulino , nicolas.paulino@diariodonordeste.com.br
Legenda: Com o déficit, a Prefeitura planeja estratégias para garantir a permanência de profissionais da saúde
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Fortaleza não foi tão afetada pela saída de profissionais cubanos do Programa Mais Médicos como outros municípios cearenses. As 15 vagas deixadas por estrangeiros na cidade já foram preenchidas pelo novo edital da iniciativa, segundo a secretária municipal da Saúde, Joana Maciel. No entanto, ela ressalta que, nos últimos anos, a Capital já perdeu 54 vagas do Programa, de médicos brasileiros, por falta de reposição do Ministério da Saúde.

O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), defende a política do Mais Médicos e assevera que a entidade ficará "vigilante" para não haver "intercorrências". Uma das pautas da FNP a serem apresentadas ao Governo Federal é a manutenção do Programa "sem prejuízos".

"Têm dois problemas. Um é atrair o mesmo número de médicos que tínhamos antes das mudanças; depois, garantir a mesma distribuição. O médico deve ir para onde há necessidade social, onde é difícil entrar pelas vulnerabilidades territoriais. Isso foi formalizado como prioridade". Procurado pela reportagem, até o fechamento desta edição, o Ministério da Saúde não falou sobre a perda de vagas na Capital.

Com o déficit, a Prefeitura vem planejando estratégias para garantir a permanência de profissionais da saúde no setor. Uma delas é a bonificação por mérito. Das 464 equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) atuantes na cidade, 101 foram premiadas pela adesão voluntária ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Elas atingiram resultados satisfatórios em diretrizes preconizadas pelo Ministério da Saúde. De acordo com o gerente de Atenção Primária à Saúde de Fortaleza, Rui de Gouveia, a cidade tem potencial de sair dos atuais 61% e chegar a 67% de cobertura da ESF, o que representaria a maior taxa dentre as capitais brasileiras.

Para isso, há a necessidade de se completar cerca de 100 equipes, que devem ser compostas por médico, enfermeira, técnico de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentista e técnicos de saúde bucal (os dois últimos opcionais). A projeção de Rui é que, com planos alternativos, o número de equipes possa ser ampliado para 500 até o fim da gestão. Até lá, conforme a secretária da Saúde Joana Maciel existem muitas equipes descobertas por causa da rotatividade nos cargos.

"O que tem acontecido é que os médicos vão trabalhar num local, mas depois vão para outras residências. O nosso desafio é aumentar a formação daquele médico que quer se especializar em família e comunidade", diz.

Meta

Por isso, a Prefeitura também concretizou a remuneração de 30 bolsas complementares de Estudos e Pesquisa para os residentes dessa especialidade. A medida foi aprovada por meio da Lei 10.763, sancionada em julho deste ano. Hoje, 10 bolsas da modalidade já são pagas na Capital. A meta é chegar a 60, segundo a secretária.

"Um bom médico de família reduz encaminhamentos desnecessários para a rede secundária, gera muito menos demanda de custo para exames e consultas, organiza muito melhor o acompanhamento do paciente e gera coletivamente indicadores de saúde muito mais eficientes", destaca o prefeito Roberto Cláudio.

 

 

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