Fortaleza e RMF têm média de 56 incêndios em casas por mês

Entre janeiro e outubro deste ano, Capital e Região Metropolitana registraram 563 ocorrências. Número é 15,3% menor em relação a igual período de 2018, que teve 665 casos em dez meses

Escrito por Felipe Mesquita , felipe.mesquita@svm.com.br
Legenda: Corpo de Bombeiros atendeu 563 chamados em Fortaleza e Região Metropolitana
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Era madrugada do dia 2 de outubro quando o fogo tomou conta de um apartamento no Edifício Arpoador, na Beira-Mar. Nenhum morador ficou ferido, mas dois cães morreram com as chamas. Casos como este, de incêndios residenciais, aconteceram 563 vezes nos dez primeiros meses de 2019 em Fortaleza e Região Metropolitana (RMF), uma média de 56 ocorrências mensais. Em igual período do ano passado, o acumulado foi de 665.

Dessa forma, os incêndios atendidos por composições do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBM-CE) tiveram uma queda de 15,3% neste ano. A maior redução foi registrada em fevereiro último, cujo mês anotou 22 ocorrências contra 56 de 2018, uma baixa de 60,7%.

Por outro lado, apenas dois meses marcaram aumento no respectivo intervalo. Em abril, os casos passaram de 41, no ano passado, para 59 (43,9% a mais); enquanto no mês de outubro a elevação chegou a 47,8%, uma vez que os incêndios saltaram de 71 para 105.

Conforme o coronel Nildson de Oliveira, do CBM-CE, a intensidade dos ventos no mês de outubro potencializa as chances de haver mais incêndios. "Os ventos são muito fortes. É um inimigo nosso e ele faz com que o fogo se espalhe dentro de casa", explica.

Categorias

A instituição da segurança pública classifica os incêndios em duas categorias: o "residencial unifamiliar", quando a combustão acomete casas com apenas uma família, ou "residencial multifamiliar" em imóveis de edifícios particulares.

Seguindo essa definição, o relatório do Corpo de Bombeiros indica que os incêndios atingiram, sobretudo, o primeiro tipo, registrando 536 ocorrências em 2018 e 461 neste ano. O balanço aponta uma redução de 13,9%. Já em relação ao incêndio residencial multifamiliar, este tipo também apresentou queda de 20,9%, decaindo de 129 para 102 até outubro.

A diminuição dos casos de um ano para o outro é reflexo de um planejamento mais incisivo das composições do CMB-CE, justifica o coronel Nildson de Oliveira. "Ações educativas e vistorias técnicas nas comunidades", menciona.

Lacunas

Ainda assim, para o professor Jeovah Meireles, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), os incêndios revelam ainda falta de ações do poder público. "Eles estão associados com deficiência de planejamento ambiental, fiscalização, consolidados com a sociedade e o ambiente. A Região Metropolitana de Fortaleza fica à mercê dessas ações".

O engenheiro elétrico André Lima esclarece que sobrecarga de aparelhos e equipamentos defeituosos são os principais causadores de incêndios residenciais. "É muito comum, por exemplo, um fio ficar desencapado após a queima do aparelho. Isso é um risco", alerta. A dica para a prevenção dos incidentes é realizar manutenção na rede elétrica. "O serviço deve ser feito obrigatoriamente por um profissional que entenda do assunto", sugere o especialista.

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