Fortaleza é a 3ª Capital em número de divórcios

Dados são do Registro Civil 2017, divulgados pelo IBGE e incluem informações sobre casamentos, nascimentos, óbitos naturais e de causas externa

Escrito por Lêda Gonçalves , gonçalvesleda.gonçalves@diariodonordeste.com.br

Relacionar-se é caminhar na neblina sem a certeza de nada. A frase foi escrita por Zygmunt Bauman, em "Amor Líquido", livro no qual alerta para a crescente fragilização das relações sociais e afetivas no mundo moderno.

Em um ano, entre 2016 e 2017, no Ceará, o número de divórcios aumentou e de casamentos diminuiu, assim como sua duração, o que reverbera a teoria do sociólogo. Fortaleza é a terceira capital brasileira no total de separações legais. Entre 2016 e 2017, houve um aumento de 7%, passando de 5.619 para 6.016.

Enquanto isso, em igual período, os casamentos recuaram 12% no Ceará: Em 2017, 38,8 mil casais, seja homem/mulher ou do mesmo sexo, formalizaram união no Estado. Em 2016, foram 44,1 mil. Na Capital cearense, a redução foi menor, de 5,9%, sendo 14.036 no ano passado e 14.912, em 2016. Os dados fazem parte das estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas ontem (31).

Em 2017, aponta o Instituto, o Brasil registrou 373,2 mil divórcios, um aumento de 8,3% em relação a 2016 (344,5 mil). A taxa geral (número em relação à população de 20 anos ou mais de idade) aumentou de 2,38 divórcios para cada mil pessoas, em 2016, para 2,48%, em 2017.

A Região Sudeste apresentou a maior taxa geral de divórcio (2,99%). Entre as capitais, São Paulo lidera com 20,7 mil, seguida pelo Rio Janeiro, que somou 10,6 mil. Em quarto lugar ficou Salvador, com 4,5 mil dissoluções do matrimônio. Entre os estados, o Ceará foi o segundo do Nordeste, com 13.419 separações. A Bahia contabilizou 17,2 mil em igual período.

As idades médias na data do divórcio era de 43 anos para os homens e 40 anos para as mulheres. Entre 2007 e 2017, o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio caiu de 17 para 14 anos.

Analisando a variação entre as unidades da Federação, no ano de 2007, esse tempo médio variou entre 16 e 21 anos. Para 2017, o intervalo observado variou entre 11 e 18 anos de duração.

Arranjo familiar

De acordo com o tipo de arranjo familiar, a maior proporção dos divórcios se deu entre famílias somente com filhos menores de idade (45,8%). O percentual de divórcios com guarda compartilhada dos filhos teve aumento significativo, passando de 16,9%, em 2016, para 20,9% em 2017, com o maior percentual na região Sul (24,2%). Em 2014, essa proporção nacional era de 7,5%. As mulheres ainda predominam na responsabilidade da guarda dos filhos menores: em 2017, o índice ficou em 69,4%. Em 2016, o percentual era de 74,4%.

Casamentos

Mesmo com a queda no número de casamentos, o Ceará é o terceiro do Nordeste com o maior número de uniões registradas no ano passado: 16% do total. Bahia lidera o ranking da região, com 64.578 (26,76%) matrimônios realizados, seguida de Pernambuco, com 47.864 (19,83%).

No Brasil, foram pouco mais de um milhão. A tendência de redução foi constatada em todo o País que teve 2,3% de diminuição em relação a 2016. O IBGE também informa sobre as uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Entre mulheres, o Ceará lidera o Norte/Nordeste, sendo o sétimo do Brasil, com 125 uniões homoafetivas. São Paulo encabeça, com 1.495 formalizações, seguido por Rio de Janeiro, com 299; Minas Gerais, com 250; Paraná, com 135 e Rio Grande do Sul, com 128. Em todo o Brasil foram 3,3 mil. O Ceará também lidera as uniões homoafetivas no Norte e Nordeste, com 92 casamentos realizados no ano passado. No Brasil, foram 2,5 mil. São Paulo somou 1.002; Rio Grande do Sul, 121; Santa Catarina, 215; Rio de Janeiro, 109 e Minas Gerais, 197.

Para a coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero Idade e Família, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Dolores de Brito Mota, existe sim uma crise nas relações familiares, atingindo principalmente os casamentos formais.

"Como mesmo diz Bauman, as fragilidades dessas relações estão cada vez mais em evidência. É fácil casar, é mais fácil ainda se separar por motivos muitas vezes superficiais. Sem falar que o empoderamento feminino e a aceitação social de que a mulher não precisa mais casar obrigatoriamente indicam novos conceitos".

Nascimentos

Em relação aos nascimentos, o Ceará registrou pequeno aumento de 0,5% na comparação com 2016, quando teve 124.801 nascidos vivos. No ano passado foram 125.437 pessoas. Conforme o IBGE, o País também assinalou alta de 2,3%, com 2,8 milhões de nascimentos registrados oficialmente. A Bahia lidera no Nordeste, com 208 mil e São Paulo, no Brasil, com 615,6 mil.

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