Famílias estão prontas para receber crianças que vivem em abrigos

A ação é parte do Serviço "Família Acolhedora", firmado entre entes que estão preocupados com a dignidade das crianças e adolescentes que crescem longe dos membros originais da família

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Com o projeto, o objetivo é diminuir o tempo de abrigamento de crianças e adolescentes de Fortaleza
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Com solidariedade escorrendo pelos dedos e uma imensa sede de acolher, sete famílias receberam uma missão peculiar: acolher, em casa, crianças e adolescentes afastadas do núcleo familiar original por medidas de proteção que estão aguardando uma decisão judicial para reintegração ou, excepcionalmente, adoção. Esta segunda-feira (3), marcou o início da terceira fase para a seleção das famílias acolhedoras, a capacitação, em um encontro que versou sobre aspectos legais, jurídicos e assistenciais do serviço.

O "Família Acolhedora" é uma inovação que tem o intuito de dar uma chance de esperar a decisão da Justiça em um ambiente familiar, visto que em uma Instituição de Acolhimento, como Casas Abrigo e Casas Lares, há diversas trocas de equipes e, por conviver com várias outras crianças e adolescentes, cada acolhido não consegue ser beneficiado por um atendimento individualizado.

A iniciativa é da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) e do Gabinete da Primeira-Dama, Carol Bezerra. "A palavra é gratidão, por vocês escolherem acolher nossas crianças. Que vocês possam 'contaminar' outras famílias, porque quem faz o bem também o recebe", declarou a primeira-dama, na Abertura Oficial da Capacitação.

De acordo com o promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Dairton Costa de Oliveira, 26 crianças que se encontram atualmente em acolhimentos institucionais no Ceará demonstram atraso de desenvolvimento de cerca de 6 meses. Os parâmetros usados pelo Ministério Público no estudo são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). "Esta não é a primeira vez que um projeto como este é iniciado por aqui. Mas dessa vez vai dar certo por um diferencial: a participação da sociedade civil", relatou o promotor de Justiça.

A coordenadora do Serviço, Ana Paula Cristóvão, explica que a esperança do sucesso reside em alguns fatores. "Teve um estudo, um caráter continuado, e é tipificado no Sistema Único de Assistência Social (Suas)".

Perfil

Qualquer indivíduo poderia se inscrever para acolher uma criança. Quando a criança ou adolescente chegar, o acolhedor passará a receber um salário mínimo como subsídio, além de isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pelo período de, em média, 18 meses.

"Ter sete famílias é um número bom, porque isso proporciona um feedback sobre o sistema, do que está certo ou errado. Acolhimento Familiar é prioridade no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), porque é onde a criança vai ter uma convivência e um olhar com cuidado", destacou o promotor de Justiça Luciano Tonet.

O professor de Filosofia Luiz Antonio de Oliveira é um dos sete acolhedores selecionados. "Na vida a gente tem sempre que se testar. Eu não tive infância, então pretendo proporcionar a alguém essa oportunidade que perdi. Hoje tenho conhecimento do que uma criança merece", exaltou o professor.

Requisitos

Para participar do programa é preciso possuir residência fixa em Fortaleza há mais de um ano, disponibilidade de horário, idade entre 21 e 65 anos (sem restrição ao sexo ou estado civil), ser pelo menos 16 anos mais velho que o acolhido, não ter interesse em adoção, apresentar concordância de todos os membros da família que vivam no lar e seguir às orientações do serviço técnico que acompanhará a família.

 

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