Exposição mostra Santos Dumont para além do aviador

A Coleção Brasiliana Itaú apresenta mais de 500 peças do multifuncional Pai da Aviação, dos esportes à engenharia

Escrito por Cadu Freitas - Repórter ,
Legenda: Uma réplica da aeronave Demoiselle (considerada a obra-prima de Dumont), em tamanho original, compõe a mostra disposta na Unifor
Foto: Fotos: Kléber A. Gonçalves

Ainda que os americanos insistam em defender a autoria dos Irmãos Wright na invenção do avião, o brasileiro sabe muito bem quem é o Pai da Aviação. O realizador do sonho de voar, ao redor da Torre Eiffel é só um: Alberto Santos Dumont. Desde ontem a história do empreendedor tomou novos ares e pousou na cidade de Fortaleza, mais especificamente no Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza (Unifor) - que completa em 2018, 45 anos.

Das narrativas possíveis sobre Dumont, a história começa como uma relação entre o arcaico e a tecnologia. Nas paredes, a madeira que remete à casa do inventor (ponto turístico da cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro), se mescla à possibilidade de mostrar seus conhecimentos sobre o inventor. O cartão de embarque do passageiro é impresso já na chegada; com ele em mãos, a passagem gratuita para o ambiente difuso do Pai da Aviação tem início.

Cintos afivelados. O passeio pela história de Alberto Santos Dumont começa. Documentos, objetos utilizados durante a vida e imagens conservadas e herdadas por membros da família são apenas as primeiras apresentações do que ainda pode proporcionar a exposição.

Acervo

Além das obras originais presentes no conjunto de 500 peças dispostas a partir da Coleção Brasiliana do Itaú Cultural, a mostra mergulha nas fotografias da época, exibindo registros dos voos de balões e de aeroplanos, bem como retratos pessoais de Dumont. Uma luneta e um binóculo usados pelo inventor também fazem parte da exposição.

Um cartão-postal, especificamente, chama a atenção dos passageiros. Do Rio de Janeiro a Fortaleza, um admirador identificado apenas como Heitor escreveu uma série de sete postais para Hersilia Burlamaqui Freire - uma moradora da cidade, que recebia-os na Rua Formosa, número 59 (atual Rua Barão do Rio Branco, no Centro).

Dumont instrumentista, esportista, designer e empreendedor. São muitas as peculiaridades descobertas pela curadora da exposição, a jornalista Luciana Garbin. "O que eu acho fascinante desse acervo é que não tem só documentos sobre a produção aeronáutica que o tornou mundialmente famoso, tem coisas sobre a vida cotidiana dele", ressaltou, ao lembrar do imposto de renda, dos comprovantes de massagem, além dos inventos menos conhecidos dele.

"A ideia é que as pessoas remexam mesmo na história. A gente quis fazer uma coisa interativa para que as pessoas descubram essas outras facetas dele", explicou Luciana Garbin.

Parceria

A presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, agradeceu a parceria com o Itaú Cultural e ressaltou a história do aviador brasileiro. "Aeronauta, esportista e inventor, Santos Dumont foi, acima de tudo, uma pessoa de coragem, que depositou em si confiança ao investir em seus inventos os seus próprios recursos, conseguindo admiração e respeito no mundo todo", pontuou.

Para a gerente do Núcleo de Artes Visuais do Itaú Cultural, Sofia Fan, a exposição - que já passou por São Paulo e Cuiabá - só tende a crescer. "Uma das formas de a gente possibilitar a difusão e o acesso a esse acervo tão rico é levar para outras cidades, por isso a ideia é compartilhar esse acervo", disse.

Ponto alto

Como toda surpresa, o ponto alto da exposição fica para o final. Uma réplica da aeronave Demoiselle (considerada a obra-prima de Dumont), em tamanho original, compõe a mostra disposta na Unifor. Feito de bambu e seda envernizada, o ultraleve foi o primeiro construído na história da aviação mundial.

A exposição Santos-Dumont na Coleção Brasiliana Itaú fica em cartaz no Espaço Cultural Unifor até o dia 9 de dezembro deste ano. De lá, a mostra pega voo para mostrar aos moradores da Capital do País os inventos e descobertas do Pai da Aviação.

De terça a sexta, entre 9h e 19h, e aos sábados e domingos, entre 10h e 18h, os visitantes podem se tornar passageiros da história de Santos Dumont. A entrada para o voo é gratuita e garante um passeio que mescla passado e presente como se a invenção fosse só um detalhe.

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