Estudantes superam adversidades

Nos últimos 10 anos, a rede pública estadual do Ceará apresentou uma redução de abandono escolar

Escrito por Redação ,

Aulas, revisões, provas, trabalhos em grupo. Seguir o conteúdo programático das atividades escolares pode ser algo um tanto quanto cansativo, entretanto, o estudo é essencial para adquirirmos conhecimento, cultura e traçar objetivos para a vida. Nos últimos 10 anos, a rede pública de ensino do Ceará apresentou uma redução de abandono escolar no Ensino Médio, baixando de 16,4% para 6,6%.

Embora questionado sobre os resultados referentes a igual período, o secretário-adjunto da Secretaria da Educação (SME), Jefferson Maia, informou apenas os dados referentes a 2017, quando houve uma diminuição de 1,9% na taxa de evasão de alunos em relação a 2016.

Desde quando mais novo contando com o apoio familiar, o estudante de Eletrotécnica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Anderson Rodrigues, 15 anos, conta que sempre foi da rede pública. Após ter recebido o resultado de aprovação no IFCE, a vontade de oferecer um futuro melhor para o adolescente fez com que a família desse um jeito para ajudá-lo, mesmo enfrentando dificuldades financeiras.

"Eu estudo longe de casa e tenho que ir de ônibus. A minha mãe não tinha condições de pagar as passagens, e hoje eu conto com a ajuda da minha avó. Em todos os colégios que passei, sempre estive entre as melhores notas. Eu tirei 10 em quase todas as disciplinas e ganhei uma medalha honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep)", relata o adolescente, que sonha em seguir a carreira jurídica.

A maior lição dada em termos de estudo pelos pais da aluna de Finanças da Escola Estadual de Educação Profissional Adriano Nobre, em Itapajé, Ivyna Borges, foi a independência. Segundo a adolescente, que pretende ser médica, a persistência é a uma das maneiras de obter sucesso nos estudos. "Querendo ou não, estudar é um processo. Você precisa ter concentração e foco", relata a estudante, que foi condecorada com uma medalha honrosa na Obmep e teve a redação avaliada como a melhor do Estado no projeto Jovem Senador.

Contraponto

A realidade, no entanto, não se repete com todos os estudantes. Mateus da Paixão, 22, conta que, embora tenha concluído o Ensino Médio, hoje sente o peso das consequências ter que abrir mão dos estudos para trabalhar. "Eu moro com a minha mãe, com um irmão, que tem cinco anos, uma tia idosa, e meu padrasto, que mantém a renda da família".

Para ajudar no pagamento das contas da casa, o rapaz seguiu os conselhos da mãe e começou a trabalhar ainda na época do colégio. Ganhando semanalmente R$ 100, ele, que na época tinha 15 anos, conseguiu um emprego em uma lan house. "Depois, eu tive algumas oportunidades de fazer cursos, mas não pude ir por conta que estava trabalhando em tempo integral como operador de caixa e recepcionista em um supermercado", relembra o jovem, que sonha em cursar Publicidade e Propaganda.

Esforço

De acordo com a psicóloga Felícia dos Santos, o não seguimento dos estudos em prol de uma fonte de renda pode afetar em questões psicológicas, dependendo da situação. "Muitas vezes durante a vida essa pessoa foi exposta a muito esforço, tendo que se adaptar à situação que lhe era colocada. Isso pode mesmo comprometer o potencial acadêmico, no momento em que ele se encontra no dilema entre ir trabalhar ou continuar estudando. Então, ela pode desenvolver algum tipo de sofrimento psicológico, ansiedade, algum nível de estresse emocional, ou tristeza profunda, como também pode ser diferente. Ela não necessariamente deve se fazer vitima do fato, mas pode desenvolver uma superação, o que elevará a autoestima".

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