Educação de trânsito na infância é vital para condutor consciente

Em Fortaleza, o conceito é trabalhado na Escola de Mobilidade Urbana Vicente Veloso Neto, equipamento gerido pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). No ano passado, 9.863 pessoas foram atendidas

Escrito por Redação ,
Foto: Foto: Thiago Gadelha

A cidadania como conceito a ser trabalhado desde a infância, etapa da vida em que mais se aprende. A premissa defendida por especialistas em setores diversos da sociedade diz respeito a práticas que levam a um bem-estar coletivo. No trânsito, isso não deve ser diferente.

Frente a populações adensadas, ruas e avenidas se tornam cada vez mais disputadas, exigindo de temas como mobilidade urbana e segurança viária o debate contínuo, seja em aspectos sociais, econômicos, políticos mas, sobretudo, educacionais.

Nesse ponto, saber exatamente quais direitos e deveres cada cidadão deve ter no trânsito e aplicá-los no dia a dia é o que se espera dos motoristas do futuro. Em Fortaleza, o conceito é trabalhado na Escola de Mobilidade Urbana Vicente Veloso Neto, equipamento gerido pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). No ano passado, a instituição atendeu 9.863 pessoas, em sua maioria, crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, por meio de 196 ações realizadas.

Este ano, 873 pessoas passaram pelo local, que comporta até 100 estudantes por dia. O comportamento no trânsito, pautado pela humanização e respeito aos meios de transporte é um dos principais aspectos trabalhados pelos educadores de trânsito da Escola, segundo informou a AMC.

Para adequar o conteúdo ao público infantil, temas como acessibilidade, segurança, integração entre modais, sustentabilidade e inclusão social são abordados em atividades de vivências, conversas interativas, apresentação de vídeos, teatro e demais ações.

Uma abordagem importante, segundo o gerente de Educação para o Trânsito da AMC, Nertan Rocha, é fazer com que os pequenos saibam identificar situações de risco. "Exibimos vídeos educativos e alguns de alerta sobre colisões, avanço de semáforos, tudo para chamar a atenção da criança. Temos também jogos e uma área de vivência de trânsito num espaço aberto, com ruas sinalizadas para que ela já vá se inteirando, de maneira geral, como é o dia a dia do trânsito".

Impacto

Na avaliação do superintendente da AMC, Arcelino Lima, entre os grandes impactos de uma educação de trânsito ainda na infância está o da redução dos índices de acidentes e mortes. "A gente tem um potencial muito grande de reverter essa violência do trânsito com as crianças, esse trabalho de você ir na escola, buscar os alunos e trazer para esse espaço, a gente entende que vai formar cidadãos e cidadãs mais capacitados no sistema de transporte da cidade".

Embora, neste caso, o resultado prático nas ruas por meio dos beneficiados diretos seja somente em médio e longo prazos, o retorno positivo já é verificado na multiplicação de uma maior consciência viária, segundo aponta Arcelino Lima. "As próprias escolas já utilizam esse tema de forma mais transversal. Temos depoimentos de pais que são repreendidos pelos alunos no meio da rua quando vão olhar o WhatsApp, quando param rapidinho em um lugar proibido. Eles fazem a leitura, já entendem o que são as placas, o que é uma infração, o que pode colocar a vida deles em risco e repreendem os pais", destaca Arcelino.

Respeito

Defendida também pelo professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Flávio Cunto, a educação de trânsito na infância deve ser trabalhada, segundo pontua, não apenas para seguir regras de circulação, mas também para ensinar sobre o respeito individual no compartilhamento do espaço público.

Em âmbito geral, o especialista acredita em espaços para melhoria na educação de trânsito em Fortaleza. "Dentre os pontos que considero dignos de atenção, ressaltaria a criação de um calendário sistemático de campanhas educativas coordenando ações federais, estaduais e municipais com foco nos principais comportamentos de risco, aprimoramento dos esforços de reciclagem de condutores com reincidência em situações de risco específicas e na consolidação de uma agenda coordenada e pedagogicamente coerente para incorporar a educação para o trânsito de forma duradoura no sistema de ensino", avalia.

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