'É muito difícil olhar para o mar e não ver minha filha surfando'

Lembrando a memória de Luzimara Souza, membros da comunidade se reuniram em cerimônia, com orações, camisas e balões, e entraram no mar para agradecer o convívio com a surfista, morta ao ser atingida por um raio

Escrito por Mylena Gadelha , metro@diariodonordeste.com.br
Legenda: Em um círculo, todos deram as mãos e surfaram na tentativa de agradecer o convívio com a atleta durante cerimônia na Praia da Leste-Oeste
Foto: Foto: Mylena Gadelha

Sob um sol tímido e algumas nuvens que teimavam em deixar o tempo nublado em Fortaleza, dezenas de amigos e familiares de Luzimara Souza se reuniram na manhã de ontem (31) na Praia da Leste-Oeste para prestar homenagem à surfista. A jovem, campeã cearense no esporte, morreu após ser atingida por um raio, na quarta-feira (27), enquanto surfava. Socorrida e encaminhada ao Instituto Doutor José Frota (IJF), ela não resistiu.

Como uma forma de agradecer pelo convívio, os presentes na praia durante o domingo carregavam blusas nas quais o rosto de Luzimara estava estampado. Com balões brancos e a prancha do lado, eles fizeram um círculo e se encaminharam ao mar para completar o ato, logo após uma série de orações. Entre os admiradores e mais próximos, não faltou quem desejasse deixar algumas palavras carinhosas à cearense. "Ela era uma guerreira. É muito difícil olhar para o mar e não ver a minha filha surfando. Ela sempre foi uma menina muito boa, gostava muito de ajudar. Às vezes fico me perguntando porque isso foi acontecer com ela", comentou a mãe, Mara Souza, entre lágrimas.

Alisson de Souza, irmão de Luzimara, contou dos sonhos e metas da atleta. "Nos últimos meses, a gente estava planejando viajar. Ela tinha parado de surfar durante um tempo e eu a incentivei a voltar. Eu fico triste em ver que ela está sendo reconhecida agora, e não em vida". Junto de Alisson, outras figuras importantes na vida de Luzimara também estiveram no local. O primeiro treinador da surfista, Carlos Sousa, detalhou a força e a figura da menina que conheceu há anos e de como ela se dedicava ao que amava. "Eu trabalhava só com meninos até quando a Luzimara surgiu, por volta dos seis ou sete anos. Ela sempre teve aquela paixão por surfar e a vontade de mostrar o talento que ela tinha", disse.

Na casa onde morava, no bairro Pirambu, Luzimara auxiliava a mãe enquanto colecionava sonhos. De acordo com Mara, todos eles giravam em torno de se tornar uma surfista profissional. Algumas das metas para este ano, inclusive, eram participar do Campeonato Brasileiro e viajar para o Rio de Janeiro, onde conseguiria seguir a carreira no esporte e ganhar ainda mais experiência. Aos mais íntimos, ela era uma grande inspiração para os jovens da comunidade onde habitava.

Tratamento

Enquanto isso, ainda de acordo com informações dos presentes na cerimônia de ontem, o outro jovem atingido por um raio durante a quarta-feira (27), Felipe Cardoso Nogueira, de 17 anos, continua internado no Instituto José Frota e encontra-se estável. No entanto, ainda está passando por tratamento e reagindo aos estímulos.

 

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