Delimitação do Parque do Cocó não incorporou Arie

Duna, que tem cerca de 2.200 anos, já não existe mais em outras regiões da Capital

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@diariodonordeste.com.br

As dunas do Cocó, segundo a geógrafa e professora aposentada do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vanda de Claudino Sales, ajudam a amenizar as elevadas temperaturas nos trópicos, além de serem fundamentais para alimentação do Rio Cocó. "Sem essas dunas, as águas do manguezal seriam muito salinas", acrescenta ela.

> Impasse sobre dunas do Cocó faz 20 anos e futuro de área é incerto

De acordo com a pesquisadora, esse tipo de duna, que têm cerca de 2.200 anos, já não existe mais outras regiões da Capital.

No entanto, apesar da relevância da área, em junho de 2017, após 40 anos de espera, quando o Governo do Estado do Ceará sancionou a delimitação do Parque do Cocó, a Arie foi deixada de fora pela gestão.

O Decreto Estadual 32.248, que institui o Parque Estadual do Cocó, não considerou a área das Dunas do Cocó como integrante do Parque.

Questionada se há algum motivo específico para a Arie das Dunas do Cocó não ter entrado na delimitação do Parque, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) explicou, em nota, que a Arie "já era uma unidade de conservação municipal, criada pelo Município através da Lei Municipal 9.502/2009. Diante da importância deste espaço protegido que abrange dunas milenares de grande relevância, foi feita a justaposição da poligonal do Parque Estadual do Cocó à da Arie Municipal das Dunas do Cocó".

Desta forma, a pasta faz um reconhecimento formal da validade da lei municipal.

Outro questionamento é se a Arie é considerada uma Zona de Amortecimento do Cocó (ZA). Nesse caso, a pasta garante que sim e acrescenta que "quando da criação do Parque Estadual do Cocó e com a justaposição de poligonais das duas unidades de conservação (Cocó e Arie Dunas do Cocó), a Arie foi incluída na Zona de Amortecimento do Parque, justamente pela estreita relação entre os ecossistemas das duas UCs". 

O professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, ressalta que é fundamental que a cidade analise "como crescer e para onde crescer porque o capital imobiliário é importante". Mas, acrescenta ele, "a população está crescendo e as pessoas tem que morar em algum lugar, mas só que hoje os dilemas regionais e globais, essas áreas de ocupação devem ser definidas levando em conta a preservação das áreas verdes".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.