De Canindé, alunos com deficiência visitam praia em Fortaleza

Sete estudantes atendidos pelo projeto Práticas Corporais Inclusivas, do IFCE de Canindé, realizaram mais um sonho ao tomar o primeiro banho de mar, na manhã de ontem. Cinco deles nunca tinham visto a praia

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Os estudantes tomaram banho de mar pela primeira vez na manhã de ontem, na Praia de Iracema
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Enquanto o sertão não vira mar, sete alunos com deficiências motoras e múltipla percorreram os 118 km que separam Canindé, no Norte Cearense, de Fortaleza para realizar um sonho. Atendidos pelo projeto Práticas Corporais Inclusivas, no campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará (IFCE), os estudantes tomaram banho de mar pela primeira vez na manhã de ontem, na Praia de Iracema.

Para a ocasião, Elisângela Lopes da Silva, de 37 anos, comprou até o primeiro biquini de sua vida. Deficiente motora, ela participa do projeto desde 2014, um ano após a fundação. "Foi maravilhoso. É uma experiência que eu nunca vou esquecer. Por mim, eu nunca sairia do mar", afirma. E os gritos de êxtase de Francisco de Assis Freitas Lima, 45, ao sair das águas salgadas, não deixaram dúvidas sobre a sua alegria. A primeira vez no mar parece ter compensado cada segundo da ansiedade que o deixou acordado desde às duas horas da madrugada.

Acompanhado da cunhada Ana Maria do Nascimento, Francisco de Assis, que também tem deficiência motora, participa do Práticas Corporais Inclusivas desde o começo do projeto. Mesmo com dificuldades na fala, ao ser indagado sobre ter gostado ou não do banho, ele enfatiza o sim e afirma que voltaria no dia seguinte, se possível.

Supervisionada pelas professoras de Educação Física e coordenadoras do projeto, Thaidys Monte e Samara Moura, a excursão contou com a participação de outros 40 alunos de licenciatura em Educação Física, que puderam exercitar o ensino na prática. "Uma coisa é eles verem na teoria como é, como devem pegar uma cadeira de rodas, como ela trava e destrava. Outra coisa é eles vivenciarem na prática, como foi todo o transporte da saída de Canindé para cá ou como acionar o elevador do ônibus", pontua Thaidys Monte.

"Qualquer pessoa que não tem convivência com essas pessoas diz que existem muitas limitações, mas eu descobri que se você der asas eles podem ir muito longe", relata Ângela Maria, 23, monitora do projeto há mais de um ano. Ela aborda outros aspectos desenvolvidos pelos deficientes atendidos, como a socialização. "Alguns falaram que antes não se aceitavam, não saíam de casa, e depois que entraram no projeto se aceitam, vão para o forró e são muito mais felizes. É muito gratificante", ressalta a monitora.

Visita

Cinco dos sete deficientes que participaram da viagem nunca tinham visto a praia. Os outros dois já tinham ido mas não passavam da barraca.

Segundo Thaidys Monte, o grupo começou a preparar a viagem desde quatro e meia da madrugada. A viagem teve aproximadamente quatro horas de duração, ida e volta.

O banho de mar teve o auxílio do Praia Acessível, programa vinculado à Secretaria Municipal do Turismo de Fortaleza (Setfor) que possibilita essa experiência para pessoas com deficiência física, motora ou dificuldade de locomoção.

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