Consumo de água em Fortaleza diminui mais de 22% em cinco anos

Gasto por residência no primeiro bimestre foi segundo menor desde 2014; aplicação da tarifa de contingência, em dezembro de 2015, é apontada como principal incentivo à mudança de hábito de moradores

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Diminuir tempo de banho e evitar gotejamento de torneira podem gerar economia em grande escala
Foto: FOTO: REINALDO JORGE

A torneira está frouxa, as gotas caem a cada segundo, mas ninguém vê. No chuveiro, o fio fino escorre o dia todo, deixando o rastro de desperdício. De pingo em pingo, vão pelo ralo dezenas de litros de água por dia, milhares por ano. Combater os maus hábitos, então, com medidas educativas ou que mexem no bolso, é urgente. Em Fortaleza, após a aplicação da tarifa de contingência, o consumo foi reduzido em 22,2%, segundo a Companhia de Água e Esgoto (Cagece).

O número resulta da comparação entre os primeiros bimestres de 2014, antes da tarifa, e de 2019, pouco mais de três anos após a aplicação da medida nos 18 municípios da Grande Fortaleza atendidos pela Cagece. No mês passado, conforme a Companhia, o consumo por ligação na cidade foi de 10,9 m³, segundo menor desde 2014. A redução, como analisa o superintendente comercial da Cagece, Agostinho Moreira, resulta da tarifa.

"A implementação desse mecanismo tem sido eficaz. Os números refletem, além de tudo, uma mudança de comportamento da população, que tem adquirido hábitos diferentes de cinco anos atrás. O consumo se reduz gradativamente, mês a mês, superando nossas metas", pontua Agostinho. Inicialmente, a proposta da tarifa era reduzir o consumo em 10%. Com o agravamento da crise hídrica, em 2016, a tolerância encurtou, e a meta passou para 20%.

Apesar dos bons resultados, a consciência ambiental e, consequentemente, o uso racional da água ainda são um desafio. "Intensificamos retirada de vazamentos, que agora são resolvidos em menos de dez horas, e o combate às ligações clandestinas, além de reutilizarmos a água de lavagem dos filtros da Estação de Tratamento do Gavião. Mas os açudes ainda estão em situação crítica, as chuvas vêm na zona litorânea. Não podemos relaxar", salienta.

Dia a dia

Com ou sem tarifa, a contingência já era rotina da dona de casa Francelourdes Chagas, 48. "Economizo por consciência, porque a gente sabe que a escassez de água é diária, e também pra pagar menos. Reaproveito a água da máquina de lavar roupas no banheiro, na lavagem do carro... Lavo roupas duas vezes por semana, e sempre faço isso. Além dos hábitos simples: ao lavar louça, fecho a torneira; passo menos tempo no banho e sempre reclamo com os meninos", relata.

Outra ação que, a priori, parece pequena, mas gera economia em escala, é adotada pela professora Carol Feitosa, 33: a cada duas noites, um garrafão de 20 litros de água é cheio apenas com o líquido que pinga do ar-condicionado. "Eu usava essa água pra dar descarga no vaso sanitário, passar o pano na casa, lavar pano de chão? De dois em dois dias, eu poupava 20 litros da água potável da casa", explica.

Para evitar a proliferação de lavas de mosquitos e, com a quadra chuvosa, a professora resolveu abdicar da medida de economia. "Não tenho mais o garrafão, mas se arranjar outro, vou voltar a fazer isso, porque é uma dica espetacular."

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