Coleta especial de lixo ultrapassa limites e vira rotina em Fortaleza

Criada para sanar demandas do descarte irregular, a retirada de lixo das ruas chegou a 1.796.564 toneladas de materiais nos últimos três anos em Fortaleza. O total representa apenas 34.412 toneladas a menos que a coleta domiciliar

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

No meio do caminho, o cenário é a rotina: vias lotadas de carros, barra que oscila anunciando as chegadas e partidas do trem, calçada de começo e fim marcados por lixo, muito lixo. A paisagem no entorno da Av. Dr. Theberge é semelhante em muitos outros locais de Fortaleza, como as avenidas Osório de Paiva, Domingos Olímpio, José Bastos e Bezerra de Menezes.

Em algumas comunidades, a população explica o acúmulo de lixo em vias pelo fato de os caminhões não conseguirem adentrar em vias estreitas para a coleta. É esse acesso restrito que os leva a carregarem seus materiais para descarte até canteiros centrais de avenidas próximas - ou quaisquer locais que sejam convenientes. Como forma de complementar a limpeza urbana e amenizar consequências do lixo descartado em locais indevidos, foi criada em 2006 a coleta especial.

Três vezes por semana, caçambas percorrem os pontos mais conhecidos pelo acúmulo de dejetos, como a Avenida Leste-Oeste. A coleta corretiva tomou, porém, proporções maiores que o esperado. "Na verdade, se criou um monstro. Estamos custeando uma irregularidade, que tem dois aspectos. Ela pode se originar de uma pessoa física, como é o caso de quem descarta nas avenidas, ou de algumas empresas que se aproveitam da coleta urbana para jogar seu lixo na rua e não pagar. Acontece com restaurantes, bares, construtoras de menor porte", detalha Albert Gradvohl, coordenador especial de Limpeza Urbana da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP). Apesar de a quantidade de pontos de descarte irregular terem diminuído em cerca de 40%, conforme o coordenador especial, a coleta especial recolheu um total de 1.796.564 toneladas (t) de lixo nos últimos três anos, de acordo com a SCSP.

Aumento

De 2016 para 2017, a quantidade de material recolhido diminuiu em 149.835 t. O número voltou a subir, porém, de 2017 para 2018, quando foi registrado um aumento de 13.841 t. A preocupação cresce em comparação às quantidades da coleta domiciliar: no mesmo período, o serviço que contempla os descartes regulares recolheu 1.830.976 toneladas, 34.412 a mais que a especial.

"A coleta domiciliar é uma coleta feita 'porta a porta', realizada por caminhões compactadores da concessionária da Ecofor. É para domicílios, só recolhe de casas e prédios residenciais", explica Gradvohl.

Já os 55 Ecopontos disponíveis na Capital são recomendados para o descarte de pequenas proporções de entulho, restos de poda e móveis velhos, materiais comuns em pontos de descarte irregular. Também são concedidos benefícios do Programa Recicla Fortaleza, que gera desconto na conta de energia pela troca de resíduos recicláveis.

Foto: Arte: Diário do Nordeste

Ações para inibir o descarte de resíduos em áreas não autorizadas, como canteiros, calçadas e terrenos públicos e particulares são conduzidas pela Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis).

Os focos da fiscalização são voltados para a identificação dos grandes geradores de resíduos sólidos que não adotam o procedimento adequado com o lixo que produzem; a apreensão de veículos que forem flagrados realizando irregularmente o transporte e despejo dos resíduos em áreas não permitidas; e a identificação e autuação de proprietários de terrenos particulares cujos imóveis estejam sendo usados como depósito de lixo, detritos e similares.

Em 2019, foram realizadas 482 fiscalizações e 189 autuações em situações de irregularidades relacionadas a resíduos sólidos. Já em 2018, foram 1.065 fiscalizações e 976 autuações.

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