Chuvas devem garantir abastecimento da Capital sem ajuda do Castanhão

Secretária de Recursos Hídricos avalia como importantes os recentes aportes na Região Metropolitana. Contudo, para que o abastecimento transcorra sem problemas em 2019, a bacia deve ultrapassar 50% de sua capacidade

Escrito por Renato Bezerra/ Felipe Mesquita/Marina Alcântara , metro@verdesmares.Com.Br
Legenda: Açude Gavião, localizado em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

As recentes chuvas no Estado trouxeram um fôlego no abastecimento de municípios mais próximos ao litoral. Dos 18 reservatórios cearenses monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) que, hoje, ultrapassam o volume máximo de sua capacidade, oito pertencem à Bacia Metropolitana, entre eles o Gavião, em Pacatuba.

Apesar de, em sua maioria, se tratar de açudes de pequeno porte, a avaliação da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Estado é que as recargas são fundamentais, neste momento, para que o abastecimento de Fortaleza e Região Metropolitana em 2019 transcorra sem problemas, mesmo sem a colaboração do Castanhão, atualmente com 3,57% de sua capacidade.

Para isso, no entanto, a expectativa é que o Sistema Metropolitano, hoje com 35% de sua reserva hídrica, ultrapassasse os 50% até o fim da quadra chuvosa, segundo destaca o secretário de recursos hídricos, Francisco Teixeira. "Nós estamos aguardando uma maior reserva hídrica e acreditamos que vamos obtê-la. A previsão da Funceme foi de chuvas mais concentradas no Centro Norte do Estado e menos no Centro Sul, e o sistema Metropolitano está dando uma boa resposta. No início da estação chuvosa, tínhamos pouco mais de 20%, então há uma recarga representativa, e isso é bom", avalia.

Sangria

Além do Gavião, seguem sangrando na Bacia Metropolitana os açudes Batente, Cauhipe, Cocó, Germinal, Itapebussu, Maranguapinho e Tijuquinha. Contudo, os reservatórios Pacajus, Riachão, Pacoti e Aracoiaba, que junto ao Gavião são responsáveis, atualmente, pelo abastecimento da Capital e Região Metropolitana, e estão, respectivamente, com 43%, 44%, 39% e 34%.

O aproveitamento do excedente entre os reservatórios que transbordam segundo destaca Francisco Teixeira, vem sendo realizado em alguns deles, mas boa parte do excedente segue para o mar.

"O Gavião e o Cocó, a água vai para o mar. O Cauhipe, a água vai para a lagoa do Cauhipe, onde estamos aproveitando parte para atender o lado Oeste da Região Metropolitana de Fortaleza e a região do Pecém. O açude Maranguapinho, a gente aproveita parte dessa água para atender à cidade de Maranguape. E o Cocó ainda não definimos um aproveitamento, por questão de qualidade da água, mas tudo indica que vamos aproveitar para reúso no futuro", diz.

De acordo com o especialista em recursos hídricos, Hiperydes Macedo, a saída para o aproveitamento do volume de água que sobra da sangria dos açudes está na ampliação da rede integrada de abastecimento, através de novos canais e adutoras instaladas no entorno dos reservatórios. A medida, segundo ele, já é uma realidade no Ceará.

"É o que se pode fazer para não perder a água para o mar. É muito difícil guardar uma sangria porque a água está transbordando, mas o nosso Estado está cada vez mais se integrando. E para provar que isso é possível faz três anos que há o aproveitamento da água que sobra do Baixo Jaguaribe e é colocada no Canal do Trabalhador. Já o que sobrou do Banabuiú foi para o Canal da Integração", aponta.

Apesar do cenário mais favorável na Bacia Metropolitana, o Secretário de Recursos Hídricos reforça o alerta para todo o Estado, uma vez que o nível geral dos reservatórios chega a apenas 12,8% da capacidade total. A expectativa, acrescenta ele, é que a reserva chegue a pelo menos 20% do total. "Não enxergamos ainda uma possibilidade de atingir reservas maiores, se chegar há 20% estaremos satisfeitos", afirma.

Foto: Arte: Diário do Nordeste

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