Ceasa aproveita 900 toneladas de alimentos que iriam para o lixo

Metade dos resíduos produzidos pela Central é de produtos hortigranjeiros. Espaço em Maracanaú vê crescer número de visitas de instituições sociais em busca de doações para público em situação de vulnerabilidade alimentar

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Na prática, são laranjas, bananas, tomates e folhagens que são doados para quem precisa
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Uma cenoura com a ponta quebrada, uma banana com a casca riscada, um mamão com um formato estranho. Por um torcer de nariz do cliente, a fruta inteira pode parar no cesto de lixo, mas algumas pessoas tentam impedir esse destino. No entreposto da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE) em Maracanaú, o aproveitamento de resíduos hortigranjeiros vem crescendo ano a ano. De janeiro a outubro de 2017, o total de aproveitamento foi de 819,52 toneladas; em igual período deste ano, foi de 863,70 toneladas - um desvio positivo de 5,4%.

Na prática, são laranjas, mangas, tomates, folhagens e outros produtos que deixam de apodrecer no chão do Aterro Metropolitano Oeste de Caucaia (Asmoc). Do total de resíduos produzidos pela Ceasa, neste ano, metade foi de artigos hortigranjeiros, ou seja, em torno de 2.879 toneladas. Cerca de 30% desses produtos são recolhidos por catadores que atuam nas imediações da Central, utilizando-os para consumo próprio ou como ração animal.

Entretanto, de acordo com Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa, o espaço também é procurado por entidades filantrópicas, hospitais, escolas, comunidades terapêuticas e entidades religiosas, que geralmente utilizam os alimentos para produzir sopão. "Isso é muito importante para não se ter uma quantidade tão forte de produtos que vão para o ralo", destaca.

Segundo ele, os comerciantes costumam ser abertos e solidários e ainda têm ganhos financeiros, já que deixam de pagar o transporte dos resíduos até o Asmoc. "Claro que o aproveitamento podia ser bem maior, com mais entidades participando", indica Odálio, uma vez que os estoques são repostos diariamente. As instituições podem procurar a administração do equipamento e ficam livres para conversar com os comerciantes e estacionar os veículos para recolher os alimentos.

Carentes

Um dos projetos beneficiados com as doações da Ceasa é o Mesa Brasil Sesc, que, de janeiro a outubro deste ano, doou 2.683.789 quilos de alimentos, beneficiando 449 entidades sociais e atendendo a 202.340 pessoas de 40 municípios cearenses, a partir dos bancos de alimentos localizados em Fortaleza, Juazeiro do Norte, Sobral e Iguatu.

As doações também chegam através de supermercados, indústrias alimentícias, fazendas agrícolas, padarias e outros parceiros. Segundo o Sesc, são destinados hortifrútis, cereais, laticínios, pães, frios, carnes e bebidas não alcoólicas.

As instituições atendidas pelo Mesa Brasil contemplam pessoas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional. Para o consultor gastronômico do Senac Ceará, Ivan Prado, o combate ao desperdício vem desde o planejamento do cardápio diário. "Naturalmente, as pessoas tendem a querer estocar as coisas, é algo bem dos nossos primórdios. Outra natureza é comprar aquilo que não é necessário", observa.

Outra dica de Prado é reaproveitar. "Tudo depende muito do teu conceito, ou melhor, do teu preconceito sobre aquele produto. As donas de casa são mestras nessa coisa de inventar com o que sobrou. O negócio é não deixar perder", ressalta Prado. Claro, lembrando sempre da segurança alimentar: é importante observar se as frutas muito machucadas estão com suspeita de proliferação de fungos ou bactérias".

 

 

 

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