Cearenses desenvolvem vacina contra a dengue

Escrito por Redação ,
Medicamento inovador promete combater os quatro tipos da doença, incluindo a hemorrágica

A primeira vacina vegetal de combate à dengue é cearense. A Universidade Estadual do Ceará (UECE) trabalha na pesquisa desde 2006, mas só agora conseguiu desenvolver o medicamento, que já foi testado em camundongos com sucesso. Segundo a professora Isabel Guedes, bioquímica responsável pela pesquisa, o processo é totalmente pioneiro. "Trata-se da primeira vacina no mundo de origem vegetal", afirma. Outro grande diferencial é que pela primeira vez se consegue uma vacina tetravalente, para os quatro tipos de vírus da doença, incluindo o da dengue hemorrágica.

Para conseguir chegar ao produto final, os pesquisadores do Doutorado em Biotecnologia da UECE utilizaram o feijão de corda (vigna unguiculata) como suporte. Os cientistas injetaram genes dos vírus de dengue na planta, que desenvolveu proteínas capazes de ativar a resposta imunológica no ser humano. Depois dessa fase, as proteínas são isoladas e retiradas da planta para serem usadas na fabricação da vacina. De acordo com a professora Isabel, uma única planta pode gerar até 50 doses.

São muitas as vantagens da vacina cearense em relação à outras pesquisas em teste no Brasil e no mundo. O método inovador de produção à base de plantas será capaz de reduzir bastante os custos e as reações alérgicas, comuns nas vacinas desenvolvidas em métodos tradicionais. Os resultados obtidos em camundongos foram positivos: os animais passaram a produzir anticorpos contra a dengue. O próximo passo é o teste clínico em seres humanos.

Sem recursos

A professora Isabel diz que isso ainda não aconteceu por falta de recursos. "Nos falta estrutura física. Precisamos de um laboratório adequado, com certificado de biosegurança, para produzirmos em escala comercial", atesta. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece) diz que há recursos, mas cabe à pesquisadora enviar um projeto ao órgão para solicitá-los.

Ainda de acordo com a Secitece, existem R$12 milhões destinados à modernização de vários laboratórios nas universidades estaduais do Ceará, e mais R$12 milhões para a estruturação da pesquisa de biofármacos.

Para o professor Ivo Castelo Branco, pesquisador da Organização Mundial da Saúde em Dengue, a vacina, qualquer que seja ela, é a única maneira de controlar a doença, vez que há mais de 20 anos que se luta contra o mosquito no Ceará e pouca coisa tem resolvido.

Entretanto, Ivo acha que somente daqui há cinco anos é que essas vacinas estarão sendo distribuídas à população. "Ainda há muitas perguntas a serem respondidas. Não se sabe qual a reação da vacina em uma pessoa que já tenha tido qualquer um dos casos da doença, por exemplo", conclui o professor Ivo Castelo Branco.
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