Ceará lidera o número de embriões congelados no Nordeste

Estado aponta quase 3 mil embriões congelados, de acordo com o último Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (Sisembrio), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: O casal Miguel Mezones e Alessandra Coelho comemora o nascimento da filha Bianca Maria
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Mulheres que sonham em ser mãe encontram na tecnologia da fertilização in vitro (FIV) uma nova oportunidade. O Ceará, entre os estados do Nordeste, aparece no topo da estatística de embriões congelados por Bancos de Células e Tecidos Germinativos (BCTGs), com um total de 2.910 plântulas, de acordo com o 11º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (Sisembrio), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicado em referência ao ano de 2017.

A fertilização in vitro consiste em um procedimento de alta complexidade, onde há seleção dos melhores espermatozoides. Ao contrário da inseminação artificial, na FIV, os óvulos são retirados antes da ovulação, e após esse processo, os embriões fecundados são colocados no útero.

"Como é uma técnica de alta complexidade, a taxa também aumenta. Nós temos taxas de 40% a 60%. Em essência, após uma transferência embrionária ou uma inseminação que se atinge uma gravidez, a recomendação é de uma vida normal, sem grandes restrições. Uma gravidez como outra qualquer", comenta o médico Daniel Diógenes, especialista em medicina reprodutiva.

Alternativa à família

"O benefício é que temos milhões de crianças nascidas após técnica de medicina reprodutiva, e muitos desses casais jamais conseguiriam atingir a gravidez de um ponto de vista natural", reforça o médico especialista.

"A ansiedade foi muito maior. A gente quando está madura já sabe, mais ou menos, como é cuidar de uma criança, especialmente eu, que já tenho filho. Quando a gente decide fazer fertilização, é porque quer mesmo. A vontade é muito maior", explica a fisioterapeuta Alessandra Maria, que é mãe da menina Alice Maria, de 13 anos, fruto da primeira gravidez, a qual foi espontânea .

Alessandra teve a primeira consulta sobre reprodução assistida em novembro de 2017, e iniciou o processo em fevereiro de 2018. No dia 1º de outubro de 2018, Bianca Maria chegou para complementar a família de Alessandra, Alice e do marido Miguel Mezones.

Mito da idade

O especialista Daniel Diógenes revela que "o Brasil caminha igualmente com países de primeiro mundo em termos de tecnologia, qualidade e capacitação das clínicas", e que, "nos últimos anos, a lei flexibilizou as possibilidades para recorrer ao útero de substituição e à doação de gametas", complementa o médico.

Contudo, ele lamenta que "o que impede esse número de ser ainda mais animador é que a idade continua sendo o principal entrave para o sucesso dos tratamentos. Infelizmente, os casais ainda adiam muito a concepção dos filhos e procuram por ajuda especializada cada vez mais tarde", complementa.

Alessandra deu à luz aos 46 anos, porque sentia que não estava "pronta" para o procedimento anteriormente. E assim, ela pôde compreender que a idade não atrapalha a maternidade. "É mito aquela história de que 'a diferença de idade é muito grande e você não vai conseguir acompanhar o filho'. A gente se renova e rejuvenesce fisicamente, psicologicamente e emocionalmente", reforça Alessandra Maria

A idade também não foi problema para a contadora Jamilli Honorato, que está grávida de quatro meses após fertilização in vitro. "Mesmo com 41 anos, estou com uma gravidez ótima e fazendo atividade física, musculação, caminhada, e também spinning. Um ritmo que eu já tinha, então, até agora nada diferente além dos cuidados normais da gravidez", comemora.

"Por mais que eu tivesse a experiência de ser mãe, renasceu a vontade de ter filho novamente, como se fosse a primeira tentativa", complementa Jamilli, mãe de Ingrid, 23, Laisa, 11, e Lorenzo, que ainda está na barriga.

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