CE é o 1º do Brasil a usar implante contraceptivo

As mulheres de Fortaleza, Caucaia, Pacajus, Quixadá e Acaraú vão receber o medicamento

O Ceará é o primeiro estado brasileiro a oferecer, para as mulheres, o Implanon, um método contraceptivo com duração de três anos. Com ele, pode ser evitada a gravidez indesejada e, principalmente, o óbito materno. O medicamento faz parte do planejamento familiar especial definido pelo Ministério da Saúde e implantado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

O Implanon é um implante subdérmico, inserido embaixo da pele do braço das mulheres. Pelo menos durante três anos, a mulher não engravida, pois o implante libera diariamente, na corrente sanguínea, as doses necessárias de etonogestrel para inibir a ovulação, evitando a gravidez. A aplicação é feita com anestesia local e o procedimento dura, no máximo, 15 minutos. Serão distribuídas 2.800 unidades do contraceptivo em todo o Estado. Até agora, apenas o município de Ribeirão Preto, em São Paulo, disponibiliza esse método contraceptivo.

Referência

Inicialmente, o medicamento está sendo utilizado em mulheres acompanhadas no Hospital Geral Dr. César Cals, unidade da rede estadual referência em assistência à gravidez de risco. Mas a distribuição também está sendo realizada no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Caucaia, além de Pacajus, Quixadá e Acaraú.

No período de 21 a 24 de setembro, a Sesa vai preparar médicos e demais profissionais de saúde das Coordenadorias Regionais de Saúde de Quixadá e de Itapipoca no "Curso de aperfeiçoamento em assistência integral à saúde da mulher". Em destaque, orientações sobre o uso do Implanon e o procedimento realizado pelo médico.

O objetivo principal da decisão da Sesa em adotar o contraceptivo é reduzir a mortalidade materna. Neste ano, 30 mulheres morreram de parto no Estado. Em 2007, foram registrados 105 óbitos maternos. Em 2008, o número caiu para 99 óbitos. A meta é reduzir em 50% a taxa de óbitos maternos.

Segundo o médico obstetra e responsável pela Saúde da Mulher na Sesa, Garcia Souza Neto, a aplicação dos medicamentos será importante nas adolescentes. Pois elas, por muitas vezes, esquecem-se de tomar os anticoncepcionais diários e são as que mais engravidam de forma indesejada. "O Implanon oferecido pela Sesa é destinado, principalmente, às adolescentes, mulheres com doenças sexualmente transmissíveis, dependentes químicas e quem está cumprindo pena na prisão".

Ele afirmou que esse contraceptivo foi adotado pela Secretaria da Saúde devido a sua ótima aceitação em países de primeiro mundo. A estudante Cleidiane Moura disse acreditar que o medicamento será aceito pela maioria das mulheres que não querem ter filhos. "Eu já tenho um filho e, no momento, não pretendo ter outro. Por isso, vou querer esse novo método contraceptivo", explicou.

Para a estudante, o Implanon é uma boa alternativa porque não precisa tomar o remédio todos os dias, facilitando bastante a vida da mulher. "Uma gravidez indesejável não atinge somente o bebê, e sim toda a família. Tomando esse medicamento, ninguém vai sofrer".