Campanha contra assédio em ônibus deve ser criada

Escrito por Redação ,
Legenda: No Brasil, 99,6% das mulheres já sofreram assédio sexual, sendo 64% em ônibus
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

O assédio sexual praticado em espaços públicos, como os ônibus, tem se tornado cada vez mais grave. De acordo com uma pesquisa realizada pelo DataFolha em setembro de 2016, 74% da população de Fortaleza usa o transporte coletivo como meio de transporte. Deste número, a maioria são mulheres. No Brasil, 99,6% das mulheres já sofreram assédio sexual, sendo 64% no transporte coletivo, segundo a organização ThinkOlga.

Com o objetivo de discutir o problema, foi realizada ontem audiência pública promovida pelos vereadores Acrísio Sena, Larissa Gaspar e Eliana Gomes para programar ações permanentes de enfrentamento ao assédio sexual nos transportes coletivos de Fortaleza. O fórum resultou em diversas propostas que serão estabelecidas na próxima semana, de acordo com o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira.

A reunião ainda contou com representantes de órgãos como Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) e Secretaria de Segurança Pública (SSPDS). Segundo a vereadora Larissa, o fórum tem como objetivo criar propostas para erradicar a cultura do machismo já enraizada na sociedade. "Devemos construir uma cultura de respeito. Não é algo que se faz do dia pra noite, é preciso de muito investimento em campanhas educativas e isso tem que ser permanente, a Prefeitura tem que assumir isso como um compromisso".

Impunidade

Entre os assuntos mais discutidos, destacou-se a impunidade como elemento central para que o abuso sexual se perpetue. De acordo com o coordenador de planejamento da SSPDS, Fernando Menezes, isso pode ser combatido através das denúncias, mas quando se trata de assédio sexual, principalmente nos coletivos, poucos são os registros devido ao constrangimento da vítima. "Isso realmente dificulta a investigação e traz a sensação de poderio ao criminoso que tem a tendência natural de cometer esses delitos. Quando não há um freio dentro da Lei ele sente essa sensação de segurança, querendo se beneficiar dessa fraqueza", destaca.

Entre as propostas discutidas, estão a criação de uma unidade de atendimento à mulher dentro dos terminais, para que se sintam acolhidas e denunciem logo após serem coagidas. De acordo com Dimas, a questão de notificação dos acontecimentos será um grande passo, pois os ônibus possuem instrumentos que podem avançar o processo. "Temos câmera de segurança e rastreador nos ônibus, que ajudam a identificar o agressor".

Além disso, o presidente do Sindiônibus afirmou que para a campanha a ser feita, a primeira etapa é comunicação e educação. "Há também uma questão de preparação da estrutura pra receber essa denúncia e comunicação para que a vítima se sinta encorajada a denunciar sabendo que isso vai ter efeito. Os profissionais deve ser treinados para receber as denúncia", explica.

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