Cães abandonados encontram lar e cuidados no Abrigo São Lázaro

A organização não governamental funciona desde 1993 através do trabalho de uma família e grupo de voluntários. Entre os objetivos, o projeto resgata e trata animais que sofreram algum tipo de violência com ações de adoção

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Voluntários trabalham todos os dias para propiciar uma vida confortável para os animais
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Todas as manhãs, o despertador de Rosane Dantas é o estridente latido de cachorros. Há cerca de 12 anos, ela mora onde também realiza o trabalho que escolheu como missão de vida: cuidar de animais abandonados ou que tenham sofrido maus-tratos. Das atividades no Abrigo São Lázaro ela não tira descanso porque acredita que os animais precisam estar bem e ter um lar.

"A partir do momento em que entram por essa porta, eles têm uma segunda chance. Mesmo que não sejam adotados, vão ter uma vida digna. Ninguém mais vai bater, ninguém mais vai humilhá-los. Eles vão ser felizes", destaca a presidente do abrigo.

Rosane também envolveu a família no trabalho e seus dois filhos contribuem divulgando a iniciativa nas redes sociais e dividindo os cuidados com os muitos animais.

Williame Cheuton começou a ajudar sua mãe aos 15 anos quando passou a dividir as atividades escolares e o trabalho com os cães. Hoje, a rotina começa cedo com a limpeza e alimentação, seguindo durante o dia com os cuidados médicos. Para realizar essa atividade, diz ele, é preciso "ter cabeça" para lidar com as emoções que receber os animais feridos exige. "É ruim ver as pessoas fazendo isso com os animais. Dá uma certa raiva, mas temos que levar", conclui.

O jovem conta que já recebeu cachorros bem debilitados, com sinais de espancamento e maus-tratos. Alguns, por exemplo, vêm de lugar onde são colocados para brigar em disputa de rinha como é o caso do pitbull Apolo e do pastor belga Faruk.

Este último, até hoje, tem dificuldades para se socializar com os outros animais e rotineiramente fica isolado.

Somando força, um grupo formado por oito voluntários divide as atividades como banhar, alimentar, tratar de ferimentos e levar os cães para a castração. Entre os participantes, Reginaldo Vieira faz o acompanhamento de animais de grande porte sendo um dos únicos no abrigo a conseguir lidar com os mais agitados.

"Eu sou voluntário desde que o abrigo veio pra cá. Através de uma amiga, eu passei a frequentar e até hoje eu tô aqui", lembra o vigilante. Ele também passeia com os animais que ficam isolados. Perguntado sobre a continuação do trabalho, Reginaldo diz que "até enquanto der, eu estou fazendo. Os animais precisam tanto da gente, quanto a gente deles", ressalta.

Outra possibilidade de contribuir com o abrigo São Lázaro é através do apadrinhamento. Branco, cachorro mestiço entre pitbull e dálmata, chegou doente ao projeto e recebeu ajuda financeira de um voluntário para tratamento médico e alimentação. Com o diagnóstico de surdez, e aos quatro anos, a possibilidade do animal ser adotado é pequena, mas continua recebendo atenção necessária para o seu bem-estar.

Punição

Cinthia Belino, vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB Ceará, ressalta que "é preciso que a população tenha conhecimento que a lei é efetiva". Ela conta que para realizar a denúncia, é preciso abrir um Boletim de Ocorrência, que pode ser feito na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), em que é feito o acompanhamento.

A Comissão também realiza ações de educação e prevenção de maus-tratos com palestras em escolas, condomínios, shoppings e com a distribuição de cartilhas.

Cinthia Belino diz que um instrumento para que as pessoas possam conhecer melhor o trabalho da comissão é através das redes sociais em que são compartilhadas informações sobre a causa animal.

Sobre a situação dos animais abandonados em Fortaleza, Cinthia reflete que o ideal é realizar o resgate e promover um ambiente digno.

"Eu acho que é muito importante conscientizarmos as pessoas de que o abrigo tem de ser uma coisa passageira. Esses animais precisam ser adotados", conclui.

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