Bairros de Fortaleza voltam a sofrer com falta de água

A queixa passou a ser recorrente nas últimas semanas em diversas localidades da Capital. Cagece aponta problema como pontual e diz que abastecimento está regular

Escrito por Redação ,

Para beber, lavar e até cultivar, a água sempre desempenhou papel crucial no dia a dia. O abastecimento em Fortaleza e em algumas localidades da Região Metropolitana, no entanto, voltou a ser alvo de reclamação nas ultimas semanas. Seja por vazamentos, serviço intermitente ou torneiras totalmente secas, a carência vem causando cada vez mais transtornos e potencializando prejuízos.

"Estou comprando água mineral para lavar louça, tomar banho e comer. E às vezes até falta na mercearia. A pia lotada de louça, os banheiros sujos, imundície", relata a dona de casa Rosenilda Lima, 47, moradora do Siqueira. Um problema que, segundo aponta, já dura duas semanas.

No Conjunto Água Fria, cerca de 50 casas ficaram sem água durante duas semanas, conforme o morador Abelardo Rangel, 49. "Tinha um vazamento e passou mais ar do que água no encanamento. E quando a conta chegou, veio com valores dobrados", diz. Outras localidades como os bairros Cajazeiras, Acaracuzinho, Jardim Jatobá, além do Município de Maracanaú, há relatos do problema, que em alguns casos acontece há pelo menos dez dias.

De acordo com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), as ocorrências foram ocasionadas por serviços de manutenção nas redes. Conforme nota da empresa, enviada no início da tarde de ontem, o abastecimento foi retomado e o equilíbrio total dos sistemas está previsto para as próximas 24 horas. Em enquete realizada pelo Diário do Nordeste nas redes sociais, no entanto, diversos leitores mencionaram, na noite de ontem, passar pelo problema.

Quintino Cunha, Siqueira, Parque São João, Antônio Bezerra, Dias Macedo, Conjuntos São Francisco, Conjunto Esperança, Padre Andrade, Messejana, Parquelândia e Bom Jardim foram algumas das áreas citadas

Elevação

Segundo explica o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco de Assis de Sousa Filho, o problema recorrente em áreas periféricas é justificado pela elevação desses locais, fazendo com que recebam uma pressão de água menor, o que torna o abastecimento mais lento.

A Cagece não detalhou se a atual vazão com que opera - de 8,3 metros cúbicos por segundo (m³) - afeta a distribuição em regiões específicas da Cidade. Afirma, contudo, que a medida é utilizada nas duas estações de tratamento de água (Gavião e Oeste), sendo o necessário para abastecer o sistema integrado de Fortaleza, composto também pelos municípios de Caucaia, Maracanaú, Eusébio, Maranguape e parte de Pacatuba.

A Companhia reforça, ainda, a necessidade de a população economizar água diante do estado de escassez hídrica enfrentado pelo Ceará. Buscando a fonte do recurso, a situação não é animadora. Dos 155 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 100 estão com volume inferior a 30%, e destes, 10 estão secos.

O volume total atual é maior que o registrado durante o mesmo período do ano de 2017, porém, de acordo com o diretor-presidente da Cogerh, João Lúcio Farias, o nível ainda é alarmante

Racional

"A nossa avaliação é de que estamos chegando a uma condição melhor que a do ano passado. Em 2017, estávamos com 8,16% de volume. Hoje, estamos com 11,58%. Essa ainda é uma situação que preocupa", afirma.

Quando questionado a respeito da conexão entre o baixo volume total dos reservatórios e as contínuas faltas de água, João Lúcio diz apenas que, considerando o período de estiagem, a Cogerh orienta para que a população faça o "uso racional" da água, mas não menciona racionamento. "Na Região Metropolitana, nós estamos conseguindo suprir a necessidade de água, de acordo com a demanda da Cagece", ressalta.

 

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