Atrizes acusam aluno do Cuca de abuso sexual

A cena do teste proposto era de um estupro, pois o filme retrataria o tráfico e teria sexo e violência

Escrito por Redação ,
Legenda: O suposto diretor do longa-metragem "Barra do Ceará" convidava as atrizes para o teste pelo Facebook e marcava o encontro em uma sala do Cuca Barra

Várias atrizes cearenses denunciaram um produtor cultural e suposto diretor de cinema depois de terem sido vítimas de abuso sexual no Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca) da Barra do Ceará durante um teste de elenco para um filme. Um inquérito policial será instalado nos próximos dias no 33º Distrito Policial para investigar o caso. O acusado, no entanto, por meio de sua rede social, diz ter sido apenas um "mal-entendido".

O suposto diretor do longa-metragem "Barra do Ceará", Raphael Fyah, convidava as atrizes para o teste pelo Facebook e marcava o encontro em uma sala do Cuca Barra, o que dava mais segurança às mulheres. Caso passassem no teste, as atrizes receberiam R$ 3 mil de cachê, valor significativo para a realidade do teatro e cinema no Ceará.

A cena do teste proposto pelo diretor e aluno do Cuca era de um estupro, já que o filme retrataria a realidade do tráfico e teria sexo e violência.

"Ele pediu que eu mesma levasse o figurino para o teste, que consistia numa saia um pouco curta e uma camiseta colada. Eu, pessoalmente, não estranhei a cena, tanto pelo motivo de não ter experiência com esses tipos de testes, como por achar que fosse algo profissional, que haveria uma equipe envolvida, e também, segundo ele, a sexualidade era muito presente no filme, então, parecia algo natural, estritamente profissional", disse uma das vítimas, que preferiu não se identificar.

Cenas

A atriz e estudante estranhou a falta de câmeras e cinegrafistas para registrarem o teste "para uma avaliação mais precisa", mas o diretor afirmou que somente ele a avaliaria, pois era o roteirista, diretor e atuaria em algumas cenas. "Eu, por nunca ter feito um teste dessa natureza, imaginei que funcionasse dessa forma, apesar de achar estranho", comentou.

A candidata perguntou, ainda, pelo menos três vezes, se era realmente necessário tirar a calcinha por baixo da saia, como dizia a cena proposta, pois ela havia levado uma peça extra para colocar por cima e simular a ação, mas Raphael teria dito que os dois fariam a cena exatamente como estava proposto, sem a necessidade de usar a peça, mas tudo de forma profissional.

Segundo o relato, a estudante teve que tirar blusa e calcinha e ficar apenas de saia, enquanto o suposto ator, sem roupa, simulava o ato.

O suspeito não respondeu às mensagens enviadas pelo Diário do Nordeste para a sua conta do Facebook, mas, em publicações recentes na rede social, esclareceu o acontecido. "Eu não tenho experiência nenhuma em produção audiovisual. Esta seria minha primeira produção. Mas devido à minha inexperiência e amadorismo, acabei fazendo tudo errado!", disse em uma de suas publicações.

"Meu filme será gravado sim, mas preciso de atores e atrizes para compor o elenco. Infelizmente, eu não tenho noção de como proceder em relação a contratos, casting, cachê, nada disso". Ele também pede desculpas pelo "mal-entendido" e garante não ter agido de "má-fé". "Fui vítima da minha inexperiência".

Espaço

Em nota, a Rede Cuca informou que Francisco Raphael da Costa Silva (Raphael Fyah) não era produtor da Rede Cuca, mas aluno do curso de Produção Cultural e Organização de Eventos. Raphael havia solicitado, como qualquer outro jovem pode fazer, um espaço no Cuca para apoio da produção de seu filme, sem mencionar teste. "Raphael foi suspenso das suas atividades discentes, não podendo participar de qualquer atividade da Rede Cuca enquanto os fatos estiverem sendo investigados".

O delegado responsável pelo caso, Sidney Furtado, titular do 33º Distrito Policial, na Barra do Ceará, declarou que um inquérito será instalado nos próximos dias para investigar o caso, mas adiantou que um boletim de ocorrência relacionado a abuso sexual foi registrado nos últimos dias na unidade e que testemunhas já procuraram a Polícia.

Segundo o delegado, existem Boletins de Ocorrência (B.Os) registrados contra Raphael por estelionato. O estudante atuava como produtor em eventos culturais. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou, em nota, que apenas uma vítima registrou o Boletim de Ocorrência. A secretaria reforça ainda a importância de outras vítimas registrarem a queixa.

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