Acidentes caem 27,7% em cruzamentos críticos

Centro possui 11 pontos críticos devido ao fluxo intenso de veículos e pedestres e deve concentrar novas ações

Escrito por Nícolas Paulino - Repórter ,

A confluência da Avenida Rui Barbosa e com a Rua Tenente Benévolo, no Meireles, é considerado o ponto mais crítico de Fortaleza, segundo o Relatório Anual de Segurança Viária de Fortaleza 2017, elaborado pela Prefeitura e a Bloomberg Philanthropies. A lista enumera 40 cruzamentos de risco na cidade, semaforizados ou não, levando em conta os acidentes ocorridos em 2017. No total, as interseções registraram 465 acidentes (14 deles fatais), uma queda de 27,7% em relação aos 644 ocorridos nos pontos críticos de 2016.

Comparando os dois levantamentos, é possível identificar que 31 dos 40 cruzamentos perigosos indicados há dois anos saíram da lista em 2017. Outros cinco tiveram redução da severidade e caíram no ranking. Entre as áreas com semáforo consideradas mais críticas estão ainda os cruzamentos das ruas Coronel Virgílio Nogueira e Bom Jesus, na Granja Portugal, e da Avenida João Pessoa com Rua Professor Costa Mendes, no Damas.

Já entre as áreas não semaforizadas e consideradas perigosas, estão as interseções das ruas Manoel Arruda e Herbene, em Messejana; Bárbara de Alencar e Rodrigues Júnior, no Centro, e Romeu Martins com João Firmino, no Montese. Apesar disso, o cruzamento com maior número de acidentes aparece em 4º lugar, com 24 acidentes: Rua 15 de Novembro com Almirante Rubim, também no Montese, que aparecia na 17ª colocação, em 2016, com 13 acidentes.

Além dele, outros três cruzamentos subiram no ranking entre um ano e outro. Dentre os semaforizados, o da Avenida Godofredo Maciel com Rua Nereu Ramos, na Parangaba, passou de 20º para 17º. Dentre os não semaforizados, o das ruas Meton de Alencar e 24 de Maio, no Centro, saiu de 16º para 5º, e o da Barão de Canindé com Elcias Lopes, no bairro Itaoca, passou de 20º para 17º.

Para a elaboração do ranking, foram levados em conta tanto a quantidade quanto a gravidade dos acidentes, além do volume do tráfego na área e a aleatoriedade dos casos. De acordo com o secretário-executivo da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), Luiz Alberto Sabóia, não é possível indicar uma causa única para os problemas. Uma auditoria de segurança deve ser iniciada na próxima semana para analisar caso a caso, cerca de cinco por semana.

De forma geral, adianta, podem ser fatores ligados ao desenho urbano das vias ou a fatores comportamentais de condutores. "Dos 20 cruzamentos não semaforizados, 16 já receberam alguma intervenção neste ano", destaca. Com a "lupa" da pesquisa, segundo ele, é possível agir diretamente sobre os problemas - assim como já foi feito nas avenidas Leste-Oeste e Osório de Paiva, que adensavam acidentes nos anos anteriores.

Em 2017, a confluência mais perigosa, no Meireles, fez oito vítimas, duas delas fatais. A reportagem esteve no local e constatou baixo fluxo de veículos e boa sinalização vertical e horizontal. Para Sabóia, o fato de a região abrigar diversos bares pode ter relação com os acidentes.

Já a Avenida José Jatahy, no bairro Farias Brito, liberada em 2016, já aparece com três pontos de risco. "É uma surpresa", aponta o secretário-executivo, que indica possíveis conversões proibidas para a inserção da via na lista. O Centro possui 11 cruzamentos perigosos, devido ao grande fluxo de veículos e pedestres na região e deve concentrar novas ações ainda neste ano.

INFO

Alargamento

"Começaremos com novas faixas exclusivas, que disciplinam melhor o tráfego e induzem ao uso do ônibus, que é muito mais seguro que outros modais. E teremos um projeto-piloto, previsto para novembro, de alargamento das calçadas da Av. Barão do Rio Branco, do Passeio Público à Rua Pedro I", detalha Alberto.

O secretário-executivo afirma que, nas demais regiões, as ações corretivas envolvem reforço na fiscalização sobre comportamentos imprudentes; reforço na sinalização e ações de desenho urbano, como extensão de calçadas. "Não tem uma ação genérica que caiba em todas", reitera o técnico da Bloomberg, Ezequiel Dantas.

Em 2017, foram registrados 20.309 acidentes de trânsito em Fortaleza; 12.907 deles causaram ferimentos nas vítimas. Em outras 251 ocorrências, 256 pessoas perderam a vida, na maioria homens de 30 a 59 anos, motociclistas (50,8%) ou pedestres (36,7%). No ano anterior, ocorreram 27.492 acidentes com 281 vítimas fatais.

Segundo a Prefeitura, a redução das mortes está ligada a campanhas educativas, reforço na fiscalização e a intervenções como redução de velocidade em algumas vias, mudança de sentido em outras, implantação de faixas de pedestre e semáforos.

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