Abraço da saudade

Escrito por Por Halisson Ferreira, filho de José Cândido ,

Dias como o de hoje deixam muita gente mais pra lá do que pra cá. É tempo de saudade. Pra quem vive com essa danada diariamente, parece que ela abraça a gente tão forte que chega a sufocar. Venho andando de mãos dadas com ela já faz alguns meses, mas nada de relacionamento sério, afinal, ela é instável, ou seria eu? Às vezes ela me faz sorrir, outras chorar.

Sorrir, por exemplo, com as lembranças do meu pai. Quando ele parecia saber de tudo e vestia quase que uma capa de sabichão; naqueles momentos também que vínhamos no carro conversando sobre nossas músicas favoritas, e eu pensava em meio às coincidências de personalidade: "caramba! Que ligação forte, né, essa de pai e filho?!". Como não sair mostrando os dentes, sorrindo até com os olhos ao lembrar do teu orgulho todo coruja de ser pai.

Mas, a saudade não é tão boazinha assim. Usa nosso amor pra nos ensinar, e isso, às vezes, machuca. Já são quase quatro anos sem você. Acredito que nosso cuidado trouxe conforto. Mas, infelizmente, não a cura da sua doença.

O que mais dói e ensina é a partida ainda sem data de reencontro. Ela, a saudade, nos faz amadurecer passando como dever de casa lidar com a ausência. Pense num negócio complicado a saudade do convívio. Sem mais carona em dias de chuva, sem mais carões, sem mais... O que passou faz falta, e o presente vem ensinando.

Hoje, quero sorrir de saudade. Em dias como esse, a tristeza deve ficar de lado. Nada de sofrer com a ausência e, sim, agradecer pelo que foi vivido. Honrando sempre aqueles que queremos bem. Saudade, um recado pra você, já que vamos continuar juntos por um bom tempo: nada de dor, ok?! Meu pai merece só boas energias. É isso que quero enviar para o céu. A data sempre vai ser comemorada porque sei que tive um grande pai.

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