Aberto há 7 anos, Hospital da Mulher só atingirá capacidade em 2020

Hospital Dra. Zilda Arns Neumann, inaugurado em 2012, ainda não alcançou sua demanda de atendimento integral. A unidade não tem emergência e deve passar a funcionar plenamente apenas quando a unidade infantil for finalizada

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@diariodonordeste.com.br
Legenda: Hospital da Mulher tem um orçamento mensal de R$8,7 milhões e atua com 201 leitos
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Um hospital voltado para atendimento das necessidades de saúde específicas da população feminina. Projeto que em agosto de 2012 se materializou em Fortaleza, ainda que carente de estruturação em diversos aspectos.

Desde então, o Hospital Dra. Zilda Arns Neumann, que é o único "porta fechada" da rede municipal, tem ampliado seu potencial de funcionamento. Isto se reflete, por exemplo, no total de atendimentos ambulatoriais, que avançou 118% entre 2013 e 2018. No entanto, a unidade, aberta há sete anos, só alcançará o uso de sua capacidade plena em 2020.

Isto ocorrerá, segundo a titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Joana Maciel, pois está em curso a construção de um Hospital Infantil, conectado ao Hospital da Mulher. Com a entrega da nova estrutura, pelo menos, duas áreas cirúrgicas do Hospital da Mulher, que hoje, ainda não funcionam, passarão a ser utilizadas.

"No que tange à capacidade instalada, eu diria que ele (hospital) está quase 100% utilizado. Podemos melhorar ainda mais a utilização do centro cirúrgico e nós vamos fazer isso". 

Com a estruturação do novo hospital, as duas unidades irão compartilhar o centro cirúrgico, a lavanderia e os laboratórios. A estrutura física do Hospital da Mulher é bastante ampla e a secretária assegura que, atualmente, a unidade, cujo orçamento mensal é em torno de R$ 8,7 milhões, consegue "utilizar muito bem essa capacidade instalada no que tange a atendimentos, exames, internações".

No total, a unidade tem, conforme a SMS, 201 leitos de internação, sendo 173 para permanência e 28 leitos transitórios, com uma taxa de ocupação atual de 98%.

O Hospital não tem emergência e, por isso, as usuárias são oriundas dos postos de saúde, das UPAs e de outras unidades hospitalares, como o Instituto Dr. José Frota. De acordo com a SMS, pode-se dizer que neste tempo de funcionamento, o Hospital da Mulher fortaleceu duas frentes de atendimento: a linha do cuidado materno-infantil - com atenção à gravidez de alto risco; e a retaguarda traumatológica e cirúrgica, atendendo, neste último caso, sobretudo, as idosas encaminhadas pelo IJF.

No leque de atendimento ambulatorial, hoje, as usuárias encontram no Hospital tratamento para especialidades, como ginecologia, obstetrícia, endocrinologia, mastologia, neurologia, cardiologia, traumatologia, reumatologia, uroginecologia, infectologia e ortopedia.

A dona de casa Rosângela Rocha, 53 anos, é uma das pacientes. Moradora do João XXIII, Rosângela é paraplégica devido à poliomielite. Desde o ano passado, ela se trata no Hospital da Mulher no setor de ortopedia. Dores fortes no corpo a levaram a procurar ajuda. No entanto, o acesso ao tratamento no Hospital da Mulher, relata ela, não foi fácil. Na unidade, ela já realizou exames e faz acompanhamento. Uma outra demanda é a consulta com endocrinologista, que ela ainda aguarda.

Exames

"O hospital tem uma estrutura incrível. Mas eu acho que poderia ser muito melhor aproveitada. Além disso, antes não tinha do que reclamar, mas nos últimos meses as coisas ficaram um pouco diferentes. Já fiz diversos exames lá e todos foram rápidos. Mas agora preciso fazer uma densitometria óssea e tem que ir para o sistema. Só Deus sabe quando vou fazer. O médico disse que eu preciso fazer emergencialmente. Mas eu não sei quando vou fazer", relata Rosângela.

A presidente do Conselho Local de Saúde do Hospital da Mulher, Aldeneide Teixeira, reitera a percepção da dona de casa Rosângela de reconhecimento da boa atuação da unidade, mas de desgastes nos últimos meses. "O Hospital tem se desestruturado um pouco nos últimos meses. A gente percebe que faltam insumos, os laudos de imagens também são afetados", revela.

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