A cada 10 brasileiros, 4 consideram muito difícil a forma de se locomover pela cidade

Estudo realizado pela 99 aponta que as classes C e D/E são as que levam mais tempo para se deslocar: 120 minutos e 130 minutos, respectivamente

Escrito por Renato Bezerra , metro@verdesmares.com.br
Legenda: No Brasil do presente, o que tem tirado o sono dos motoristas é a dor no bolso no momento de abastecer suas “carroças à motor”.
Foto: Arquivo Diário do Nordeste

Apesar de pautar cada vez mais debates e estratégias de ação nos últimos anos, o tema mobilidade urbana ainda desafia boa parte das metrópoles brasileiras. É o que aponta estudo inédito realizado pela 99, em parceria com a Ipsos, ao concluir que 41% dos brasileiros acham difícil ou muito difícil a forma de se locomover pela cidade.  

Do outro lado, apenas 3 em cada 10 pessoas consideram fácil ou muito fácil o deslocamento nos centros urbanos. Os dados do estudo, intitulado “Como o brasileiro entende o transporte urbano”, foram divulgados durante o “Summit Mobilidade Urbana 2019 – A Vida Integrada”, seminário internacional de mobilidade urbana, realizado na última quinta-feira (30), em São Paulo. 

Para o resultado, foram realizadas 1.500 entrevistas domiciliares com população acima de 18 anos em todas as regiões do País. Entre os 70 municípios participantes, três foram do Ceará: Fortaleza, General Sampaio e Ipu. 

O tempo perdido no trânsito está entre os fatores determinantes nessa avaliação. O brasileiro gasta, em média, 2 horas e 7 minutos para cumprir todos os seus deslocamentos diários. As classes C e D/E, no entanto, perdem mais tempo, demandando, respectivamente, 129 minutos e 130 minutos.  A classe A, por sua vez, gasta 94 minutos no trânsito e a B uma média de 124 minutos. 

“As classes D e E fazem os maiores deslocamentos e por isso é tão importante que a gente pense numa integração de modais que seja eficiente não só do ponto de vista econômico mas que possa diminuir o tempo dessas pessoas no acesso à cidade, pois a gente sabe que normalmente elas estão em zonas mais periféricas”, afirma Pâmela Vaiano, diretora de Relações Públicas da 99.  

Transição 

O estudo aponta, também, uma mudança de comportamento quanto à disposição pelo abandono do carro e pelo experimento de novos modais, seja no transporte público ou em transportes emergentes, como os carros por aplicativo. A pesquisa concluiu que, dentre os donos de carros, 30% abririam mão em prol de outros meios de transporte. Outros 21% disseram haver a chance de diminuir o uso do veículo.  

Para Pâmela Vaiano, isso está ligado a aspectos econômicos e pela busca por uma melhor qualidade de vida. “A gente entende essa mudança de hábito o quanto ela está conectada ao estresse do dia a dia. Os brasileiros que a gente entrevistou passam pelo menos 2 horas e 7 minutos em deslocamento todos os dias. Fazendo uma conta grosseira isso são 32 dias no ano dedicados ao deslocamento”, comenta. 

Entre os que consideram apenas diminuir o uso do carro, 24% dos ouvidos disseram que trocariam pelo ônibus municipal, 22% por bicicleta própria, 18% por ônibus intermunicipal, 16% por motos e 10% por carros particulares solicitados por aplicativos.  

Integração 

Outro ponto levantado é que os entrevistados usam, em média, três modalidades diferentes de deslocamento na mesma semana. O andar a pé é o mais utilizado, por 70% dos ouvidos, seguido do ônibus municipal, por 46%, e do carro particular, por 43%, sendo passageiro ou motorista.  Outros 18% afirmaram usar carros por aplicativos.  

A necessidade de se trabalhar percepções culturais e a mudança de comportamento para uma efetiva integração entre os modais está entre as conclusões da pesquisa, segundo Pâmela Vaiano. Ainda conforme a diretora de Relações Públicas da 99, as pessoas precisam estar envolvidas na discussão de mobilidade.  

“A cidade tem que está aberta a conversar e discutir esses novos modais, mas o plano de mobilidade não sai do papel sem as pessoas. Elas precisam ser ouvidas, precisam ser educadas. A mobilidade é um tema emergente e complexo. Muito tem se falado e discutido, mas as soluções estão sendo desenhadas muitas vezes por autoridades, empresas, sistemas de infraestrutura, sem trazer a atitude do brasileiro para o debate”, afirma.  

Fortaleza 

A capital cearense foi um dos destaques na programação do Summit Mobilidade Urbana 2019 – A Vida Integrada. Presente no evento, o prefeito Roberto Claudio participou do painel “Rotinas passadas a limpo: De que maneira as ações de sustentabilidade e de mobilidade ativa são capazes de melhorar a qualidade de vida urbana”, em que destacou as recentes políticas públicas implantadas em prol da mobilidade e da segurança viária na cidade.  

Legenda: O “Summit Mobilidade Urbana 2019 – A Vida Integrada” foi realizado na última quinta-feira (30), em São Paulo
Foto: FOTO: FELIPE RAU

* O repórter viajou a convite da 99

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