50% da população a partir de 25 anos não têm Ensino Fundamental

Enquanto 14,5% desse público no Ceará sequer têm algum grau de instrução outros 35,6% não chegaram a concluir o Ensino Fundamental, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br

Metade de população com 25 anos ou mais de idade no Ceará não chegou a completar o Ensino Fundamental. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,5% desse público não possuem qualquer instrução e 35,6% têm o Ensino Fundamental incompleto. Os dados, referentes ao ano de 2017, e divulgados ontem, fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do ano de 2018.

Entre os cearenses a partir dessa mesma faixa etária, apenas 8,5% têm o Ensino Fundamental completo e, entre os que ingressaram no Ensino Médio, somente 24% completaram. Levando em consideração etapas mais avançadas de ensino, os números são ainda menores, uma vez que apenas 10% das pessoas com 25 anos ou mais terminaram o Ensino Superior.

Embora com variação pouco significativa, o levantamento aponta uma mudança positiva se comparado a 2016 quando verificado o indicador nenhum grau de instrução. Nesse período, 15,8% da população com 25 anos ou mais estavam nessa condição.

Reduzir

Trabalhar numa mudança significativa desses índices é, sobretudo, pensar em meios de se reduzir dos índices atuais de evasão escolar, segundo avalia a professora doutora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca. Para a especialista, as escolas precisam rever suas metodologias de ensino, tornando o currículo mais acessível e próximo da realidade dos estudantes e, assim, mais dinâmico e atrativo.

"De um modo geral o que a gente percebe é que a criança que não vai conseguindo se alfabetizar vai se desinteressando da escola, e como ela não consegue acompanhar ela vai, em determinado momento, acabar desistindo. A escola precisa de uma atualização inclusive tecnológica, considerando todo o acesso que eles têm hoje com os celulares, por exemplo, que permitem uma agilidade que muitas vezes a escola não acompanha, e o aluno vai perdendo o interesse e buscando em outras fontes. Ele vai se desinteressando e chega ao ponto em que abandona o estudo", afirma.

Outros aspectos também podem ser atribuídos ao baixo grau de instrução, conforme Isabel Ciasca, como dificuldades de aprendizagem nunca detectadas ou tratadas ou a própria formação familiar, que muitas vezes por questões sociais, não valoriza o processo educacional. "É preciso estar muito motivado e determinado para poder voltar à escola. E se ele tiver seguido a vida, mesmo que de forma precária e não perceber que a educação fez falta, ele não volta".

EJA

A Secretaria de Educação do Estado (Seduc-CE) informa que o direito à escolarização básica em qualidade de condições vem ocorrendo por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade de ensino que garante ao jovens a partir de 15 anos o acesso ao Ensino Fundamental e a partir de 18, ao Ensino Médio.

Segundo a Pasta, o número de matrículas passou de 67.776 em 2016 para 73.065 no ano passado, crescimento de 7,8%. Em 2018, até o momento, a rede conta com 69.372 alunos matriculados.

Analisando a porcentagem de jovens com 16 anos ou mais com o Ensino Fundamental concluído em 2017, ainda conforme a Sesa, o Ceará apresenta média superior à do País, com 77,3%, ficando em primeiro lugar no ranking de região Nordeste. Entre os indivíduos com 19 anos ou mais, o Estado teve 58% de conclusão do Ensino Médio também em 2017, crescimento de 2,2 pontos percentuais em relação a 2016, com 55,8%.

Se o desafio educacional se mantém entre os adultos, para os mais novos, o cenário se mostra positivo no Ceará. Isso porque o Estado tem a maior proporção de crianças com idade entre 4 e 5 anos frequentando escola ou creche no País. Segundo o IBGE, 97,8% dos meninos e meninas cearenses nesta faixa etária estão na pré-escola.

Brasil

Em todo o Brasil, a proporção de crianças entre 0 a 5 anos que estavam frequentando escola ou creche passou de 50,7% a 52,9% entre 2016 e 2017. Para o grupo de 4 e 5 anos, quando a frequência na escola ou creche é obrigatória, o percentual passou de 90,2% para 91,7%, resultado insuficiente para atingir a meta de universalização do Plano Nacional de Educação (PNE).

A meta não foi atingida por nenhuma das grandes regiões brasileiras, segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mas o Nordeste teve o melhor resultado, de 94,8%, seguido pela região Sudeste com 93%, índices acima da média nacional. Já o Norte teve o menor índice, de 85 %.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.