28% das vítimas de trânsito no IJF são reincidentes

O dado foi divulgado, ontem (20), durante o 4º Fórum do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza na Unifor

Escrito por Vanessa Madeira - Repórter ,
Legenda: A pesquisa entrevistou 1.255 acidentados em internação na unidade hospitalar para obter o perfil epidemiológico das vítimas. Os números mostraram que, dentre os feridos reincidentes, 73% são motociclistas
Foto: FOTO: ALEX PIMENTEL

Um estudo realizado pela Iniciativa Bloomberg para Segurança Global e a Universidade de Fortaleza (Unifor) revelou que 28% das vítimas de acidentes de trânsito em Fortaleza atendidas no Instituto Dr. José Frota (IJF) são reincidentes, ou seja, sofreram pelo menos um outro acidente no período de um ano antes de serem hospitalizadas.

O dado foi divulgado ontem (20), durante o 4º Fórum do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza, promovido na Unifor. Realizada entre setembro e dezembro de 2017, a pesquisa entrevistou 1.255 acidentados em internação na unidade para obter o perfil epidemiológico das vítimas e direcionar o desenvolvimento de ações de prevenção. Os números mostraram que, dentre os feridos reincidentes, 73% são motociclistas.

O coordenador do Observatório de Segurança Viária pela Unifor e coordenador de dados da Iniciativa Bloomberg em Fortaleza, Ezequiel Dantas, afirma que o envolvimento em mais de um acidente pode ser resultado de fatores como a percepção de punição por parte dos condutores, presença de fiscalização, desenho urbano, dentre outros. "O comportamento do ser humano no trânsito também depende muito do nível educacional, da presença de fiscalização e da forma com que as mensagens sobre o trânsito estão chegando aos motoristas", afirma Dantas.

Escolaridade

A avaliação do nível educacional dos acidentados também está presente no estudo. Segundo os dados, 44% das vítimas atendidas no IJF possuem, no máximo, o Ensino Fundamental completo. O coordenador afirma que o número pode nortear políticas públicas direcionadas especificamente para esse público.

"Nas campanhas de mídia de massa, será que temos como direcionar melhor, com novas mensagens para esse público? O perfil de escolaridade, associado aos bairros onde há maior ocorrência de acidentes, também pode ditar melhor estratégias de fiscalização e desenho urbano", explica Ezequiel Dantas.

Prevenção

A 4ª edição do Fórum do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza teve como convidado o professor Abdulgafoor Bachani, diretor da Johns Hopkins International Injury Unit, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, instituição considerada referência internacional em saúde pública. O especialista defendeu que as ocorrências no trânsito não podem ser chamadas de acidentes, uma vez que são evitáveis, desde que adotadas medidas de prevenção.

Segundo ele, essas ações devem envolver, por exemplo, reduções dos limites de velocidade nas vias, uso de capacetes por motociclistas, sistemas organizados de atendimento a pacientes com traumas e infraestrutura viária segura.

Bachani destaca que, mesmo com o desafio de obter recursos para adotar tais ações, existem soluções efetivas de baixo custo, como a implantação de quebra-molas e a ampliação de efetivos de agentes de trânsito.

"Quando falamos de acidentes de trânsito temos a impressão que não podemos controlar, que acontece ao acaso, mas se soubermos de alguns fatos, podemos prevenir e reduzir as chances de o acidente acontecer", afirmou o professor.

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