Três times cearenses na Série A

As atuais gerações estão vendo pela primeira vez o futebol cearense com dois times na Série A nacional. Algo inusitado aos olhos dos que contemplam o Campeonato Brasileiro no modelo moderno de apuração, ou seja, pontos corridos. Em 1979, no antigo modelo, houve a presença de Ceará, Fortaleza e Ferroviário na elite do futebol brasileiro. Não era critério técnico, que entendo mais justo, mas sim o da acomodação, o do prestígio ou o da influência política. O certame foi disputado por oitenta clubes, divididos em oito chaves de dez. Uma loucura. Assim, a bagunça foi tamanha que, por não terem sido atendidos em seus pleitos, simplesmente Corinthians, Portuguesa, Santos e São Paulo não disputaram o campeonato. Mas os nossos três grandes estavam lá: Fortaleza e Ferroviário no Grupo F e o Ceará no Grupo H. Eis então alguns times desconhecidos que disputaram a primeira divisão brasileira naquele ano: Colatina, Caldense, Guará, Rio Negro, Leônico, Dom Bosco, Rio Branco, Operário, Itumbiara, Itabuna... Pouco importava a qualidade do futebol, mas o interesse político. Eu vi e vivi esse tempo. Acreditem. É verdade. Aconteceu.

Critérios

A atual fórmula de ascensão à Série A nacional, mediante pontos corridos, reflete mais a verdade técnica das equipes. Passa a ideia de um procedimento mais justo. Entretanto, há uma distorção que privilegia determinado grupo em detrimento dos demais. Refiro-me à questão das cotas televisivas Aos grandes, tudo; aos médios e pequenos, o que for possível.

Cotas

Em 2018, o Ceará recebeu R$ 23 milhões da Rede Globo. O Flamengo recebeu R$ 170 milhões, mesmo valor pago ao Corinthians. Assim é mais fácil aos grandes a formação e manutenção de elencos mais qualificados. Aos médios e pequenos a eterna sina do tobogã.

Equitativas

Se as cotas fossem distribuídas de forma equitativa, certamente as possibilidades dos médios e pequenos seriam maiores porque teriam condições de armar times mais fortes. Enquanto houver a disparidade exposta no tópico acima, os times médios e pequenos seguirão sempre expostos a quedas e subidas, sem direito à estabilidade.

O técnico Marcelo Chamusca explicou nas redes sociais a sua repentina mudança. Houvera fechado com o Oeste, mas resolveu ir para o Vitória. Razões de família e sentimentos de gratidão levaram Chamusca a rever sua posição. Agradeceu ao Oeste, com pedido de compreensão, e deliberou assinar com o Vitória cuja meta é voltar à Série A nacional.

A imagem de Chamusca, mesmo com seu pedido de desculpa e compreensão por parte do Oeste, foi alvo de polêmicas opiniões. Alguns entenderam as razões expostas pelo treinador. Outros refutaram os argumentos. Verdade é que, na hora de demitir, time nenhum contemporiza: manda embora mesmo. Certamente Chamusca pensou nisso.


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