Tom Barros: Cebolinha, Iarley e companhia

Legenda: Everton Cebolinha leva prêmio como artilheiro da Copa América
Foto: Mauro Pimentel/AFP

A Seleção Brasileira é o sonho de todos os jogadores de futebol. Vestir a amarelinha é honra, é glória. Everton Cebolinha vestiu. E pela Canarinho foi campeão das Américas. Iarley, outro craque cearense, não vestiu. O manto lhe foi negado, não por falta de futebol, que ele tinha demais para dar e vender, mas por pura discriminação. Iarley não jogava em nenhuma grande equipe do Sul/Sudeste. Jogou no Uniclinic, Ceará, Paysandu. Ninguém da CBF viu a exuberância do futebol de Iarley. E ele encerrou a carreira sem a felicidade de jogar pela Seleção de seu País. Cebolinha, se atuasse em times das bandas de cá, dificilmente teria alcançado o que agora com justiça alcançou. Seria como Iarley e tantos outros craques cearenses que tinham futebol de seleção, mas não foram chamados porque fora dos times do Sul/Sudeste. Iarley foi bicampeão mundial de clubes: pelo Boca Juniors da Argentina e pelo Internacional-RS. Aposentou-se do futebol. Está bem de vida. Cebolinha está apenas iniciando a sua jornada pela Seleção Brasileira. Queira Deus seja longa até conquistar um título mundial pelo Brasil. Aí será o primeiro jogador cearense a conseguir um feito assim.

Público

O Maracanã recebeu 69.906 torcedores que presenciaram a decisão da Copa América. Uma vergonha se comparado ao antigo Maracanã. Esse público, nas décadas de 1960 e 1970, era de jogos entre times médios do Rio de Janeiro, disputando o Campeonato Carioca. Jogos da Seleção Brasileira tinham público acima de 100 mil torcedores.

Renda

O recorde de dinheiro arrecadado decorre do elevado preço dos ingressos. O tíquete médio de R$ 662,00 eliminou dos estádios os menos favorecidos. A renda recorde de 38.769.850,00 é o retrato elitizado do futebol que um dia teve como público gente humilde. Hoje, nem geral (preços populares) tem mais. O pobre foi banido dos estádios.

A hora do pobre

Os desportistas das décadas de 1960 e 1970 devem lembrar. Existia "a hora do pobre". Quando faltavam 15 minutos para terminar o jogo, os portões dos estádios eram abertos. Aí os torcedores carentes, sem pagar, deleitavam-se com os instantes finais e, não raro, viam gols definidores. Hoje, não têm direito sequer de pisar nas calçadas dos estádios.

O Maracanã, time de Maracanaú onde Everton Cebolinha começou nas bases, está de olho na venda do atleta para o exterior. Entendem seus dirigentes que o time terá direito a uma pontinha na transação, pois foi lá que ele começou a sua formação no futebol. Os dirigentes estão atentos e até acionarão a Justiça na luta para receber o que lhe for devido conforme a recomendação legal.

Dupla expectativa sobre a presença de Wescley pelo Ceará, dia 15, segunda-feira, no Maracanã, diante do Fluminense. Jogador diferenciado, certamente ampliará a eficiência no setor criativo do Vozão. Também ampliadas ficarão as possibilidades de crescimento da produção coletiva, máxime pela parceria com o talentoso Thiago Galhardo.