Time das grandes temporadas

As novas gerações certamente desconhecem um slogan que marcou o time do Ferroviário, máxime nas décadas de 1950 e 1960: "Time das Grandes Temporadas". Motivo: as equipes de renome passavam bem por Ceará e Fortaleza, mas perdiam para o Ferrão. E mais: quando o Ferroviário saía para jogar fora, sempre trazia melhores resultados que os outros dois grandes da capital. Vejam agora o Ferroviário retomando a sua veia de surpreender em campos distantes. Na Copa do Brasil do ano passado, despachou o Sport dentro da Ilha do Recife, numa reação espetacular, após estar perdendo por 3 a 0. Já agora no Estádio do Café em Londrina por pouco não despachou o poderoso e favorito Corinthians paulista. A atual geração coral, que se orgulha do título brasileiro da Série D 2018, pode sonhar mais alto. E honrar mais ainda a tradição coral, edificada nos velhos tempos por nomes consagrados como Nozinho, Manuelzinho, Eudócio, Macaúba, Kitt, Pacoti, Aldo, Macaco e Zé de Melo. Anteontem, a maioria esperava um show e vitória do Corinthians. Ledo engano. Na prática, o Ferroviário mostrou que foi tão grande e melhor que o representante paulista.

Mesmo mote

Na Taça Brasil de 1968, que o Fortaleza decidiu com o Botafogo do Rio de Janeiro, o primeiro jogo aconteceu no PV: 2 x 2. O técnico do Botafogo era Zagalo que, como jogador, tinha sido bicampeão mundial pela Seleção Brasileira em 1958/1962. O técnico do Leão era Gilvan Dias. No confronto tático, o cearense Gilvan Dias foi melhor.

Mesmo mote II

No empate do Ferrão com o Corinthians em Londrina, o técnico coral, cearense Marcelo Vilar, foi melhor que o técnico Fábio Carille. Marcelo surpreendeu pela ousadia. Encarou de igual o Corinthians, postura que poucos esperavam. Nada de ficar atrás, acuado. Soube buscar o ataque. No confronto tático, o cearense Marcelo Vilar foi melhor.

Conclusão

O Ferroviário, que há alguns anos até desceu para a segunda divisão cearense, hoje, a despeito ainda das limitações financeiras, restabelece a confiança e o respeito que andaram comprometidos. O ótimo desempenho diante do Corinthians credencia o Ferroviário a sonhos antes considerados inalcançáveis. Um deles: ser campeão estadual este ano.

Mais uma vez escrevo sobre Edson Cariús. E o faço com a alegria porque vejo compensado o esforço deste cearense, artilheiro nato. Lamento terem sido necessários seis anos para ter reconhecido o seu valor. Quando surgiu no Iguatu, em 2012, revelou-se goleador autêntico. Mas, só porque veio do interior, passou muito tempo esnobado pelos times grandes. Agora no grande Ferrão, ele está feliz.

O êxito de ferroviário tem tudo a ver com o qualificado desempenho de Janeudo e Enercino. No empate com o Corinthians, os dois tiveram atuação perfeita. Enercino já teve momentos brilhantes no futebol cearense, quando defendeu o Uniclinic, sendo vice-campeão cearense em 2016. Janeudo vem se destacando, subindo de produção a cada partida. Boas perspectivas para o time.