Seleção quer vitória sem vaias por vaga antecipada

Brasil de Tite encara uma Venezuela que deve jogar retrancada. Objetivo de jogadores e comissão técnica é agradar a torcida com vitória e bom futebol

Anfitrião da Copa América, o Brasil fez sua estreia com vaias e vitória em São Paulo. Agora, em Salvador, busca construir uma relação melhor com as arquibancadas e assegurar sua classificação antecipada às quartas de final da competição. Depois de superar as críticas ouvidas no intervalo e derrotar a Bolívia, por 3 a 0, no Morumbi, na última sexta-feira, a Seleção terá pela frente a Venezuela. Basta vencer o confronto, marcado para as 21h30 de hoje, na Fonte Nova, para que a vaga nos mata-matas do torneio continental seja confirmada com uma rodada de antecedência.

Com seis pontos, o time verde e amarelo se certifica de que ficará no mínimo com a 2ª colocação do Grupo A, mas a busca não é apenas pela pontuação necessária. A expectativa é obter uma recepção mais calorosa do público baiano, algo que o juazeirense Daniel Alves, de 36 anos, colocou explicitamente.

"Em São Paulo, é normal. É sempre muito complicado jogar em São Paulo", disse o lateral, logo após o triunfo sobre a Bolívia. "Na Bahia, o axé é diferente. As pessoas sentem falta da Seleção Brasileira, dessa energia que a Seleção leva por onde passa. Certeza de que lá vai ser mais animado".

Daniel Alves espera uma atitude diferente dos torcedores na Fonte Nova, onde o público fica mais perto e o humor é geralmente distinto do observado nos estádios da Capital paulista. "Vou insistir para que as pessoas entendam que estamos aqui representando nosso País. Não estamos aqui para brincadeira, perdendo tempo, ou porque ficamos mais bonitos vestindo a camisa da Seleção Brasileira. Estamos aqui para uma missão. Não importa se você gosta ou desgosta de certo jogador, se ele joga em um time de que você não gosta", afirmou.

Tite, de 58 anos, não adotou a mesma linha, mas apontou que "o jogador sente, o treinador sente" a vaia. Para evitá-la, o técnico deverá finalmente contar com toda a formação titular que imaginou para a Copa América após o corte de Neymar por lesão no tornozelo. Arthur, que machucou o joelho direito no último amistoso preparatório e não pôde encarar a Bolívia, tem boas chances de voltar ao time. O volante de 22 anos provavelmente recuperará o posto que ficou com Fernandinho, de 34 anos, na sua ausência e ajudar a formar o meio dinâmico desenhado pelo comandante.

Como ocorreu na estreia, a Seleção deverá encontrar um adversário defensivo. A Venezuela estreou com empate em 0 a 0 com o Peru, em um jogo no qual conseguiu atacar pouco. Seu técnico não faz questão de fingir que haverá uma busca maior pelo gol diante dos donos da casa.

"Jogar de igual para igual com o Brasil é uma loucura. Sabemos o que é o Brasil. Temos que tentar realizar nosso jogo, com segurança. Vamos enfrentar uma das melhores seleções do mundo", disse Rafael Dudamel.

Contra um rival fechado, a equipe brasileira terá de mostrar alguma paciência para rodar a bola, como espera Tite.