Sede do Super Bowl 2020, Miami luta contra exploração sexual

Evento, que fecha a temporada do futebol americano, acaba atraindo um turismo de turismo que vem sendo combatido com o apoio da organização da final da NFL. Decisão será realizada no próximo dia 2 de fevereiro

A cada ano, a final do torneio de futebol americano, conhecido como Super Bowl, reúne estrelas, anúncios milionários e cerca de 100 milhões de espectadores. Mas a festa traz consigo outro elemento menos feliz: o aumento no tráfico e, em particular, na exploração sexual. Este ano, Miami, na Flórida, sediará o Super Bowl em 2 de fevereiro. Isso preocupa as autoridades de uma cidade conhecida por sua atmosfera festiva no 3º estado com mais casos de tráfico de pessoas dos Estados Unidos, depois da Califórnia e do Texas.

Elas temem que as festividades de um evento da magnitude do Super Bowl criem um cenário propício para a exploração sexual. Miami tem um problema que "o Super Bowl colabora, porque quando há grandes eventos festivos, isso atrai organizações que tentam ganhar mais dinheiro", disse Anthony Salisbury, agente especial encarregado do escritório de investigação do Departamento de Segurança Interna.

É o que Katariina Rosenblatt sofreu. Dos 13 aos 17 anos, ela foi forçada a fazer sexo em um hotel em Miami Beach, a turística ilha às margens de Miami. "Eles me venderam por minha inocência", disse ela, que fundou a ONG 'There is Hope For Me' (Há Esperança Para Mim, em inglês) para ajudar vítimas do tráfico.

Atentos aos sinais

As autoridades estão treinando funcionários de hotéis, seguranças, motoristas de caminhões, ônibus e da Uber para reconhecer os sinais de que alguém é vítima de escravidão. Esses são os trabalhadores com mais chance de identificar possíveis casos de tráfico de pessoas e denunciá-los.

"Se os hóspedes tiverem muitas visitas em um quarto de hotel, se pedirem um quarto próximo à escada, se não permitirem que sejam limpos, se tiverem pouca bagagem, se pedirem para reabastecer constantemente o bar ou mostrar sinais de falta de higiene pessoal. Todos estes, combinados, são alguns dos sinais de que algo estranho está acontecendo", explicou Ashley Moody, procuradora-geral da Flórida. A organização do Super Bowl está participando de esforços de conscientização.

Vergonha pública

O problema veio à tona quando, em fevereiro de 2019, Robert Kraft, proprietário do New England Patriots, se envolveu em um caso de tráfico.

O bilionário de 78 anos havia usado os serviços sexuais de uma casa de massagens na Flórida nos dias anteriores ao Super Bowl, que sua equipe acabou conquistando.

A atenção da mídia neste episódio expôs o problema e gerou uma campanha agressiva contra a exploração sexual. As estações de trem e o aeroporto têm cartazes sombrios que mostram uma adolescente ao lado de um homem de meia idade, com a legenda: "Não é o que você pensa" e um telefone de emergência.


Assuntos Relacionados