Posição polêmica: Maya Gabeira concorda com premiações diferentes no esporte

"Ganhar o mesmo é quase contraditório porque é um esporte em que o masculino ainda domina muito", disse a surfista carioca de 31 anos

Há pouco mais de um ano, Maya Gabeira entrou para a história ao surfar a maior onda registrada entre mulheres (20,9m), feito que a colocou no Guinness Book, o livro dos recordes, quatro anos após sofrer uma grave lesão no tornozelo. Com a personalidade de quem deixou de ser a "filha de Fernando Gabeira" - jornalista, escritor e político - para ser uma referência em seu esporte, a carioca de 31 anos, que quer se tornar velejadora, diz ser contra a igualdade da premiação para homens e mulheres.

"Ganhar o mesmo é quase contraditório porque é um esporte em que o masculino ainda domina muito não só dentro da água como no mercado. Pela iniciativa de igualar cada vez mais nos outros ambientes, é superválido. Mas creio que há muitos lugares, com menos visibilidade, em que a mulher ganha menos e isso é um problema real".

Ela vai além na sua argumentação. Afirma que é incoerente no surfe, esporte no qual "há uma diferença de performance tão grande", homens e mulheres ganharem o mesmo nível de premiação.

A carioca definiu como "maravilhoso" o fato de o surfe estar discutindo o tema e considera a igualdade "extremamente importante" em várias áreas. E cita as áreas executivas, em que as mulheres fazem exatamente o mesmo trabalho e ganham menos que os homens. "Mas é difícil comparar uma Marta com Neymar, uma Maya Gabeira com um Laird Hamilton (surfista americano de ondas grandes) ou uma Serena Williams com Roger Federer", disse.

No surfe, até o ano passado, os homens recebiam exatamente o dobro do valor pago para as mulheres.

A atleta, que fazia balé quando era criança, mas largou tudo em busca de algo mais radical, conta que quase desistiu do surfe em 2013, quando sofreu grave acidente ao tentar superar uma onda, na Praia de Nazaré, em Portugal, justamente onde entrou para o Guinness. "Pensava em desistir, mas, ao mesmo tempo, eu acordava, ia para o treino, fisioterapia, checava o mar, preparava o meu equipamento e mudava de ideia", lembrou.


Assuntos Relacionados