Os clássicos e os ídolos

Ano de 1957. Pela primeira vez, vi um Fortaleza x Ceará. O PV acanhado. Arquibancadas e alambrados de madeira. Só duas cabines de rádio: uma da Rádio Iracema e outra da Ceará Rádio Clube. Eu tinha dez anos de idade. Jamais esqueci Ivan Roriz, goleiro do Ceará, com aquela camisa toda preta, número um nas costas. Faz 62 anos. De lá até aqui, não sei quantos clássicos Ceará x Fortaleza eu vi. Histórias inesquecíveis de um lado e do outro. Dois atacantes imortais: Gildo e Croinha. Dois zagueiros imortais, Alexandre Nepomuceno e Zé Paulo. Amanhã, mais uma edição. Quem se habilitará a imortal? Sim, mas a imortalidade não vem com um gol ou gols no clássico. É preciso uma trajetória de conquistas por anos seguidos, numa fusão de imagem com o próprio clube. Ser ídolo de um clube hoje está difícil pela rotatividade dos jogadores. No momento, nos dois rivais, não vislumbro alguém com qualidades para chegar ao patamar de Croinha ou Gildo, de Zé Paulo ou Alexandre Nepomuceno. Hoje não se faz mais ídolo como antigamente. Na maioria das vezes, os jogadores passam de forma efêmera pelos clubes e não fixam suas imagens. Por isso mesmo, não raro, logo esquecidos.

Equilíbrio

É bater na mesma tecla dizer que clássico equilibra. É difícil ao cronista afirmar quem está melhor, se Ceará ou Fortaleza, porque ambos estão oscilando. Ora me parece o Ceará mais inteiro. Ora vejo o Fortaleza com melhor produção coletiva. Quem viu a vitória do Ceará sobre o Corinthians formou juízo positivo sobre o Vozão. Depois veio o Náutico e desmanchou a euforia.

Semelhança

O Fortaleza também oscilou. Andou se complicando com clubes menores, fato que na época gerou protestos porque o time andou pendurado, ameaçado mesmo de eliminação do Campeonato Cearense. Já agora, a bela exibição e goleada (4 x 0) sobre o Vitória da Bahia. Uma atuação perfeita. O ânimo tricolor foi para cima com justificada razão.

Jogos

O equilíbrio já está provado nos dois clássicos entre os maiores rivais este ano. No dia 10 de março, pelo Campeonato Cearense, deu empate (0 x 0). No dia 17 de março, uma semana depois, novo empate (1 x 1) pela Copa do Nordeste. Jogo fácil ou aberto entre Fortaleza e Ceará vai para o rol das exceções.

Clima tenso sempre vai haver nos clássicos. É normal. Na partida pela Copa do Nordeste, o atacante do Ceará, Leandro Carvalho, e o volante do Fortaleza, Derley, foram expulsos. Houve a aplicação de sete cartões amarelos (cinco para o Ceará e dois para o Fortaleza). Amanha, o árbitro Fifa, Raphael Claus, deve estar mais atento à disciplina.

Hoje, no Hotel Amuarama, o encerramento do 22º Encontro Estadual de Cronistas Esportivos promovido pela Apcdec. Haverá três palestras importantes com Edilson Alves(Sindiradio-CE), Kleiber Beltrão (Abrace) e Júlio Manso (FCF). Após o almoço, Mesa de Debates, entrega de comendas e sorteio de brindes.