Wilton Bezerra: respeito aos treinadores da terceira idade

Foto: Palmeiras

“A melhor sala de aula do mundo está nos pés de uma pessoa mais velha”. Shakespeare.

Não se trata de puxar a brasa para a própria sardinha. Mas, a posição preconceituosa contra profissionais da terceira idade no futebol, e em outras atividades, é uma coisa odienta.

Me refiro, no momento, à posição contrária de alguns cronistas aos treinadores de idade mais avançada.

Como se as escolhas devessem levar em consideração a faixa etária, em primeiro lugar.

Esse foi o principal foco quando o Palmeiras contratou Luiz Felipe Scolari.

A principio, resolveram rotulá-lo de “treinador-raiz”, com características antigas.

Xingar juízes, reclamar de quase tudo, exibir uma carranca de “aborrecido” e ser capaz até de lançar outra bola em campo para retardar o jogo.

Que o Felipão tenha lá seus equívocos, se aceita.

No entanto, colocá-lo nesse figurino é inaceitável.

No caso de Wanderlei Luxemburgo, é impressionante a cólera de alguns comentaristas quando se referem à sua contratação por um clube.

Foto: Rafael Ribeiro / Vasco

Será que Felipão e o Luxa são tão “velhos” nas idades e ideias, depois de tanto tempo no ramo, com expressivas conquistas?

No Brasil, anos 1960, um modismo imbecil criado, mandava não se confiar em ninguém com mais de 30 anos. Tinha que ser jovem.

Vez por outra, nos deparamos com o país aterrissando nessas idiotices.

E a experiência, não tem mais valor nenhum.Manda-se um velho professor embora de um estabelecimento de ensino, sem mais nem menos?

Os treinadores são especialistas no assunto futebol e forjam suas carreiras degrau por degrau, ralando por um longo tempo.

Sabe-se que, para ser considerado como especialista em alguma atividade, são necessárias dez mil horas de dedicação a ela.

Os comentaristas “justiceiros” teriam pelo menos a metade dessas horas?


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