Tragédia interrompe sonho de filha de Kobe Bryant no basquete

Com apenas 13 anos, Gianna Bryant se preparava para carregar o legado do seu pai dentro das quadras

Legenda: Kobe Bryant e sua filha, Gianna, faleceram em um acidente de helicóptero no último domingo (26)
Foto: Foto: Divulgação / Instagram

Não eram apenas os laços familiares que uniam Kobe Bryant, de 41 anos, e sua filha Gianna, de 13, ambos mortos após acidente de helicóptero neste domingo (26). O amor pelo basquete também era compartilhado por eles. Entre os milhões que admiravam o ex-jogador do Los Angeles Lakers, uma fã em especial teve o que tantos gostariam de ter: um treinamento de elite com um dos maiores atletas da história.

Gigi Bryant era constantemente filmada com o pai na primeira fileira do ginásio Staples Center ou jogando bola em alguma quadra, quando tinha o privilégio de ouvir a leitura do seu jogo diretamente de Kobe. Quando era criança e o pai ainda estava em atividade na NBA, ela acompanhava o mentor e até participava do aquecimento da equipe junto de sua irmã mais velha.

Kobe deixa três filhas: uma de 17 anos, uma de 3 e uma nascida em junho do ano passado.

O sonho da menina era ser jogadora da WNBA - a liga norte-americana de basquete feminino. Para ajudá-la nisso, mesmo após se aposentar, em 2016, ele se manteve próximo das quadras treinando as filhas, em especial Gigi.

Promissora, a garota atraiu os holofotes com jogadas plásticas que aprendeu com o pai. Analistas destacaram a semelhança do seu "fadeaway" - arremesso convertido com o jogador projetando o corpo para trás - com o do astro, uma de suas assinaturas de jogo.

Ela tinha herdado também a facilidade para o drible e as jogadas plásticas, como o giro com a bola antes de partir para a cesta.

A menina pretendia jogar pela UConn, dinastia dos esportes universitários. Kobe era amigo do técnico da equipe feminina, Geno Auriemma, e constantemente levava a família para assistir às partidas.

A viagem de helicóptero em que estavam pai e filha neste domingo era programa corriqueiro dos dois. Fã de Trae Young, do Atlanta Hawks, e Luka Doncic, do Dallas Mavericks, ambos em seu segundo ano na NBA e já selecionados para o All-Star Game, Gigi adorava ver jogos de basquete nos ginásios.

Foi ela quem convenceu Kobe a voltar a assistir às partidas depois que ele deixou as quadras. O "Black Mamba", apelido do ex-jogador, passou também a treinar o time de basquete da escola de Gigi. A adolescente treinava ainda pela Mamba Sports Academy, aberta há pouco mais de um ano com o apoio do pai para capacitar jovens atletas.
Com personalidade própria, ela não optou pelas camisas 8 ou 24, que ficaram marcadas na trajetória de Kobe. O número escolhido por Gigi foi o 2.

A menina ganhou um apelido em homenagem a ele: "mambacita", em referência à "mamba mentality", filosofia pregada por Kobe que pregava a vontade de sempre aprimorar seu próprio trabalho, independentemente das condições.

Em uma entrevista para a revista americana The New Yorker, ele destacou o momento em que percebeu que a menina havia puxado seu gênio: "Ela tinha três anos, estávamos jogando candyland e eu ganhei. Ela não reagiu bem, virando o tabuleiro. Foi quando eu pensei: a criança é igualzinha a mim!".

Era comum que o pai, orgulhoso, postasse fotos da jovem treinando - até de salto alto – ou conhecendo algum jogador ou jogadora que admirava.

As quatro filhas fizeram com que ele se tornasse uma voz ativa pela valorização das atletas da WNBA, vestindo um moletom da liga e defendendo a equiparação dos direitos da jogadoras em relação aos dos homens da NBA.

Kobe confiava piamente na habilidade de Gianna. Quando a estrela, pai de quatro meninas, era questionada sobre a possibilidade querer um garoto na família para passar suas habilidades com a bola laranja, prontamente respondia: "Eu já tenho uma filha que pode carregar o meu legado".


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