Time da 10ª divisão inglesa tem 14 brasileiros e promove integração

Entre os integrantes do elenco do Gillingham Town FC, está o filho de Gilberto Silva, campeão mundial com a Seleção Brasileira em 2002. Existente desde 2010, equipe também serve para a integração entre ingleses e atletas do Brasil

Legenda: O time britânico joga na 10ª divisão e tem brasileiros como base de sua equipe
Foto: FOTO: MARK GOURLAY/GILLINGHAM TOWN FC

Quase ninguém no Brasil conhece o Gillingham Town FC. Por que conheceria? O clube do município de mesmo nome (105 mil habitantes) no condado de Kent, no sudeste da Inglaterra, disputa a 3ª divisão Central e Leste da Associação de Kent. Fica mais fácil dizer que esse é o 10º patamar do futebol inglês - são considerados profissionais os campeonatos da 5ª divisão até a Premier League.

Por outro lado, nenhum outro clube britânico possui tantos jogadores brasileiros no elenco quanto Gillingham: 14 em um grupo de 23 atletas. Não há limite para estrangeiros nesse nível. “Não se fala em outra coisa na cidade que não seja essa conexão brasileira. Até eles chegarem, nós não tínhamos jogadores”, afirma Paul Pickford, secretário do Gillingham Town. Ele, na verdade, é o faz-tudo da equipe criada em 2010, para oferecer esporte aos hóspedes de um hotel destinado a pessoas sem-teto.

A chegada em massa de brasileiros é responsabilidade de um dos jogadores do clube, Alex Bernardi. Ele mora na Inglaterra desde os 12 anos e se mudou para a cidade em 2016. Sócio do ex-atacante brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva, em uma empresa de produtos biodegradáveis, ele começou a convidar seus amigos que estavam sem time para irem a Gillingham. Cerca de 50 minutos de trem a separa de Londres.

O nome de um dos jogadores é conhecido. Gilberto Silva Júnior, filho de Gilberto Silva, campeão mundial em 2002 com a Seleção Brasileira e inglês pelo Arsenal, é um dos que fazem o percurso entre as duas cidades para treinar e jogar. “São jogadores jovens que vieram para o Reino Unido tentar a vida, mas sem conhecerem muita gente. Sem suporte é difícil aprender a língua e o estilo de jogo”, afirma Bernardi.

Ele sabe porque já ajudou outros atletas brasileiros. Auxiliava em questões cotidianas que eles não conseguiam resolver, como conversar com o gerente do banco, por exemplo. Foi assim que fez amizades com Eduardo e outros nomes do futebol do Brasil, como o volante Denilson, formado no São Paulo e que também teve passagem pelo Arsenal.
A empresa de Eduardo da Silva e Alex virou investidora no clube. Ajudou a reformar o gramado do Central Park Stadium, que tem uma pista externa usada para corridas de cachorros, mandou fazer novos uniformes - com a bandeira do Brasil em um dos ombros - e pagou por materiais esportivos.
“Nossa intenção foi criar uma equipe com mistura de ingleses e brasileiros. É para ajudar a comunidade brasileira que vem para Londres e não tem nenhum lazer”, diz.
É uma mudança e tanto para Paul Pickford, que costumava bater de porta em porta e pedir ajuda para a comunidade, que tem também o Gillingham FC, time profissional que hoje em dia disputa a 3ª divisão inglesa. “Os brasileiros interagem bem com as pessoas da cidade. Recebemos vários emails de congratulações pelo trabalho no clube. Mas acho que podemos crescer ainda mais”, diz o secretário.

Os resultados, por enquanto, não correspondem. Em uma liga de 10 times, o Gillingham Town está em 9º, com nove pontos após 12 rodadas. Mas tem três jogos a menos em relação aos concorrentes. Bernardi e Pickford dizem que o time vai atingir o objetivo traçado: ficar em uma posição intermediária e permanecer na divisão.
 


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