Técnico do Fortaleza no acesso de 2002 relembra carreira e torce para Clássico-Rei na Série A

Luiz Carlos Cruz esteve na Capital cearense para lançamento de um livro e concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste

Antes da entrevista começar, uma mensagem: “O Santa Cruz está buscando um treinador com seu perfil e experiência, mas a diretoria considera você fora do mercado”. Então, Luiz Carlos Cruz dispara: “Optei por entrar em algo que me dava estabilidade, um projeto em Santa Catarina nas categorias de base e eles chegam para dizer isso, não existe. Me sinto capacitado para dirigir qualquer clube do Brasil”.

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Com passagens por Ceará, Ferroviário, Fortaleza e outros mais de 40 clubes na carreira, o catarinense esteve na Capital cearense para o lançamento da sua segunda obra literária, intitulada “Treinador de futebol: profissão perigo - O Mercado”. Na visita, conversou com o Diário do Nordeste sobre os seus planos no esporte, memórias de quando comandou os grandes do Estado e, claro, o momento do futebol cearense.  

Aos 54 de anos e desempregado, Luiz Carlos busca uma nova oportunidade no futebol profissional, como quando comandou o Leão do Pici em 2002 e garantiu o acesso à Série A. Para isso, retornou ao solo cearense, onde foi revelado como treinador por Lula Pereira e deu seus primeiros passos à beira do gramado na Barra do Ceará.

Legenda: Luiz Carlos conduziu o Fortaleza ao acesso com um time que ficou conhecido como "Jangada Atômica"
Foto: Foto: arquivo

“Voltar aqui depois de 15 anos longe é especial. O Ferroviário foi o primeiro time que eu treinei. Tinha que ganhar seis jogos para não cair e sete para classificar, restavam nove. Molezinha, né? Nós ganhamos sete, empatamos um e perdemos para o Ceará no primeiro turno, escapamos. Foi um bom trabalho”, relembrou.

Nesta temporada, Cruz trabalhou em três clubes - Hercílio Luz/SC, Cascavel/PR e na base do Guarani de Palhoça/SC -, sem nenhum resultado muito expressivo. Com o sonho de voltar ao Nordeste, onde conquistou o título de campeão sergipano, primeiro da carreira, o treinador defende mudanças no estatuto que rege a formação de técnicos brasileiros. 

“A CBF hoje é um absurdo, ela cobra muito cara para capacitar você. E querem que um treinador como eu vá fazer um curso com um cara que não tem a minha formação. Quem já tá na estrada, ela deveria ceder esse certificado”, analisou. “Eu não concordo que treinador dirija na mesma divisão após ser demitido de um clube. Se eu estiver na Série A e for demitido, não posso mais trabalhar lá esse ano. Então, vai na Série B”, complementou.  

Convite especial

Durante a estadia, Luiz Carlos Cruz foi convidado de honra do presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, para participar da festa de centenário do clube, comemorada no dia 29 de setembro, com show no Centro de Eventos. O treinador destacou que o carinho do torcedor durante o evento fez ele reviver a emoção do acesso com o Leão.    

“A torcida é igual 2002. Eu fui lá e a paixão é a mesma. Vi jovens, pessoas de diversas idades na festa do clube e me emocionei. A torcida do Fortaleza é uma nação, é diferente. Quem pagou o time para subir em 2002 foi a torcida. A nossa média foi de 22.800 pagantes jogando no PV. Jogamos uma (partida) no Castelão, que foi a final com o Criciúma para 60.000 torcedores. Ela é única no Brasil, faz a diferença. Já o que vi diferente foi a organização. Vi administração financeira, um clube sólido, Marcelo Paz e sua direção estão de parabéns”, afirmou.

Outra diferença entre 2002 e a temporada atual é a força do elenco, segundo Luiz Carlos. O comandante do acesso anterior ressaltou que o número de atletas nordestinos no elenco diminuiu - o Fortaleza conta hoje com nove no total, contra 25 sobre o comando de Cruz -, assim como a presença de ídolos no plantel passado, que formaram a “Jangada Atômica”.

“Esse time não tem Angelim, Erandir, Chiquinho e Sérgio nas alas, Dida e Dude, além do Juninho Cearense, um meia diferenciado. Tem o Gustavo, que é alguém parecido com Vinícius, mas não tem a força dele ou foi o capitão que ele foi. Finazzi era reserva, Mazinho Loiola também. Ainda deixei por último o maior da história, Clodoaldo. Não tem ninguém igual. É um time que joga ofensivamente dentro do futebol de hoje, mas é pobre tecnicamente”, pontuou. 

Carinho alvinegro

Apesar do acesso tricolor, Cruz considera que um dos maiores feitos da carreira aconteceu em Porangabuçu, quando dirigiu o arquirrival Ceará, em 2001. Na ocasião, o treinador ajudou o Vovô a fugir do rebaixamento para a Série C com um time que apresentava Mota e Sérgio Alves no ataque. 

Agora com o gaúcho Lisca no comando e brigando para se manter na 1ª divisão, Luiz Carlos considera que o Alvinegro está no caminho certo, apresentando um futebol envolvente na reta final. A torcida do catarinense é para assistir Ceará e Fortaleza na Série A do Campeonato Brasileiro em 2019.  

“Vou torcer para ter os dois na Série A porque esse Estado merece. Qualquer torcedor vai querer sentir essa emoção singular de ter Ceará e Fortaleza na 1º divisão em 2019. Imagine aí, dois Clássicos-Rei, tem ainda Estadual, Copa do Nordeste, pode ter Copa do Brasil. Porque aqui, quando um cai, o outro comemora, quando um sobe, o rival fica triste. Então podemos ter um momento único de união e festa das duas torcidas”, finalizou.