Sistema de marcação faz a diferença nas campanhas de Vovô e Leão

Enquanto o Ceará tem uma defensiva sólida, refletindo em números positivos como desarmes, poucos gols sofridos e time mais disciplinado da Série A, o Fortaleza faz o caminho inverso, com a zaga exposta e números preocupantes

Legenda: Fabinho é o jogador que mais desarma no Ceará: foram 37 neste Brasileirão
Foto: JL ROSA

Em 13 rodadas da Série A, é exatamente um sistema defensivo forte a diferença entre as campanhas de Ceará e Fortaleza. Com ataques com números semelhantes - 15 gols feitos pelo Ceará e 14 do Fortaleza - a forma pela qual os dois clubes se defendem está fazendo a diferença para que o Vovô esteja em 11º com 17 pontos, com a 5ª melhor defesa na Série A com 12 gols sofridos, e o Leão, em 14º com 14 pontos, com a 18ª pior defesa, com 20 gols sofridos.

Com um sistema defensivo consolidado e mais protegido, o Ceará se destaca em números - todos do site estatístico Footstats - em desarmes, gols sofridos e disciplina.
O Vovô tem a 5ª melhor defesa, com 12 gols sofridos, abaixo apenas do quarteto paulista (São Paulo, Santos, Palmeiras e Corinthians), é o 5º em desarmes por jogo (17,5) e o time mais disciplinado, sem nenhum cartão vermelho e 25 cartões amarelos.

São números que se completam e explicam o porquê do Ceará estar bem na Série A. Uma defesa segura, como todo time fazendo um trabalho tático elogiável, permite desarmes mais limpos, sem a necessidade de faltas, e por consequência menos advertências.

O técnico Enderson Moreira não é um treinador adepto ao futebol defensivo, como são abertamente Mano Menezes, Felipão e Fábio Carille, só para citar três treinadores de sucesso no País, mas conseguiu deixar o Ceará seguro, com o goleiro Diogo Silva em grande fase, assim como os dois zagueiros, Luiz Otávio e Valdo. “Nossa equipe é leal, que sabe jogar o jogo, e procura tomar a bola sem fazer faltas, desarmar na boa. A gente sabe que perder jogador por suspensão é ruim. Espero que continuemos assim”, disse o goleiro Diogo Silva.

Além deles, dois laterais que cresceram de produção na defesa, como Samuel Xavier e João Lucas, um volante que cobre toda uma faixa de campo com maestria, fazendo a cobertura de laterais e zagueiros, como Fabinho. Ele é o principal marcador do Ceará, com 37 desarmes, o 4º melhor da Série A, e fazendo apenas 18 faltas (o 23º de toda competição), quatro cartões amarelos e nenhum vermelho, apesar de ser um volante, com principal característica marcar e destruir as jogadas ofensivas dos adversários.

Além dele, Ricardinho como 2º volante também recompõe e dá qualidade na saída de bola, além dos jogadores ofensivos que também ajudam na marcação. Tanto Thiago Galhardo, meia centralizado, como os dois pontas (no Clássico-Rei foram Lima e Leandro Carvalho), além de Felippe Cardoso, marcam muito a saída de bola adversária.
O centroavante Felippe Cardoso fez apenas três jogos pelo Vovô, mas combate tanto a saída de bola do adversário que já é o 2º jogador mais faltoso do Vovô na Série A, tamanha a entrega tática dele.

No Fortaleza, os números são inversos ao do Ceará: o Leão é o penúltimo em desarmes (12,3 por jogo), e o segundo mais indisciplinado (três expulsões e 27 amarelos. O desequilíbrio no time de Ceni é visível, com uma equipe extremamente ofensiva, com dois laterais que avançam muito (Tinga e Carlinhos) e dois volantes sem grande pegada (Juninho e Felipe), além dos quatro jogadores de frente deixarem um espaço considerável no meio-campo.

Legenda: Carlinhos tem feito marcação cerrada pelo Fortaleza. Tanto que já são 20 faltas na Série A
Foto: THIAGO GADELHA

O técnico “defende” o esquema, afirmando que assim foi campeão cearense e do Nordeste este ano, mas a verdade é que na Série A, uma competição de nível muito maior, o Leão está jogando muito exposto. O melhor marcador do Tricolor é Carlinhos, com 20 faltas (13º mais faltoso da Série A), 30 desarmes (11º da Série A) e que recebeu quatro amarelos e um vermelho.

O Volante Juninho, autor de 25 desarmes na competição, comenta: “Nossa equipe começa a se defender lá na frente. Então, quando sofremos um gol, não foi apenas a defesa que errou, mas todo o time. Aqui é um grupo e vai ser sempre assim. O nível da Série A é altíssimo e temos que minimizar nossos erros, porque, se errarmos diante de jogadores de qualidade, eles não desperdiçarão”.