Prefeito trabalha como médico em equipe semifinalista do Baiano

A história, em um primeiro momento curiosa, é mais um caso em que a política influi no futebol. Joaquim Belarmino Cardoso Neto garante que função no clube não atrapalha sua condição de governante de Alagoinhas, na Bahia

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Nas semifinais do Campeonato Baiano com a segunda melhor campanha da 1ª fase, o Alagoinhas Atlético Clube tem um reforço curioso no banco de reservas: o prefeito do município de Alagoinhas, que fica a 122 quilômetros de Salvador. 
Joaquim Belarmino Cardoso Neto (DEM), de 51 anos, foi eleito em 2016 para seu primeiro mandato como prefeito e trabalha como médico voluntário do clube há 18 anos. Nesta quarta-feira (27), ele estará no banco do time, que enfrentará o Bahia, às 21h30, no Estádio Carneirão, em casa, pelo jogo de volta da semifinal da competição.

Sensação do campeonato na 1ª fase, a equipe agora precisa vencer por três gols de diferença para obter a classificação para a final, já que perdeu o confronto de ida por 3 a 0, na Fonte Nova, em Salvador.
“Sou torcedor fanático do clube, porque nasci aqui. Quando o estádio foi inaugurado, não tinha dinheiro para ir aos jogos. Na época, tive que vender laranja na feira para conseguir o ingresso”, conta Joaquim Neto, que diz que sua função no clube não atrapalha suas atribuições na Prefeitura.

Segundo ele, os dois jogos do Atlético nesta edição do Baiano, realizados fora de casa em dias de semana, foram à noite, depois do seu expediente. Hoje, comandando o orçamento da cidade com cerca de 151 mil habitantes, Joaquim Neto já exerceu o cargo de prefeito de Sátiro Dias por três mandatos: 1997 a 2000, 2001 a 2004 e 2009 a 2012. 

Torcedor fanático
O fanatismo do prefeito pelo Atlético é comprovado por seu comportamento à beira do gramado. Após a vitória por 3 a 2 sobre o Jacuipense, pela última rodada da 1ª fase, ele tirou a camisa e comemorou a classificação para a semifinal ao lado dos jogadores e da torcida.

Não é apenas nas comemorações que o prefeito se excede. No ano passado, foi suspenso pelo TJD-BA (Tribunal de Justiça Desportiva) por quatro partidas, além de ter de pagar multa de R$ 2 mil, por ofender o árbitro durante jogo contra o Vitória da Conquista, pela 2ª divisão do Baiano.
A pena foi convertida em doações. A súmula destacou as seguintes palavras de Joaquim: “Eu sou prefeito de Alagoinhas. Vocês não apitam mais em Alagoinhas, ladrões, vagabundos”.

“Você tem que ver a euforia dele aqui em campo. Ele gosta muito de futebol”, diz Raimundo Queiróz, presidente do Atlético e responsável por levar Joaquim Neto para o clube. Queiróz está na presidência da agremiação desde 2013. 
“Na primeira vez que assumi a presidência do clube, convidei o prefeito para trabalhar como médico”, conta Queiróz, que era gerente de uma rede de supermercados na cidade quando assumiu a função de dirigente. Hoje, ele trabalha como chefe de gabinete de Joaquim Neto.

 


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