Perto de estreia na Copa América, Brasil tem pior público em cinco anos e decepciona Tite

Na maior goleada sob o comando do técnico, o 7 a 0 contra Honduras, 16.521 torcedores acompanharam a partida no Beira-Rio, que tem capacidade para 50 mil pessoas

Legenda: O público foi inferior ao da partida de janeiro de 2017, jogo em tributo aos mortos no acidente de avião da Chapecoense
Foto: Foto: Jeferson Guareze / AFP

O Beira-Rio, em Porto Alegre, recebeu neste domingo (9) a maior goleada da seleção brasileira desde 2012, o 7 a 0 sobre Honduras, mas pouca gente viu o jogo no estádio. Os 16.521 pagantes constituem o menor público em jogos do Brasil em casa desde a Copa do Mundo de 2014.

O público foi inferior ao da partida de janeiro de 2017, jogo em tributo aos mortos no acidente de avião da Chapecoense, contra a Colômbia no Engenhão e que teve apenas 18.695 torcedores presentes. Como não era uma data Fifa, esse confronto só teve atletas que atuavam no Brasil em campo.

"A minha expectativa era um público maior mesmo. Eu pensei que viesse mais gente. Mas não sei dizer o motivo de isso ter acontecido. A grana, talvez. Ou, se fosse o jogo valendo, teria um apelo maior. No treino, eu até fiquei contente, os atletas contribuíram bastante para um ato solidário. Esperava mais", declarou o técnico Tite.

Às vésperas da estreia na Copa América, na próxima sexta-feira (14) contra a Bolívia, no Morumbi, a seleção passou os amistosos preparatórios sem ser vaiada, tanto contra o Qatar, em Brasília (vitória por 2 a 0), quanto frente aos hondurenhos. Em Porto Alegre, a recepção foi fria. Seis torcedores estavam no hotel quando a delegação chegou, na quinta (7) à noite. No sábado (15), cerca de 5 mil pessoas estiveram no treino aberto, a cujo acesso era garantido doando 2 kg de alimento.

Apelo local

Legenda: Revelado pelo Internacional, Alisson voltou ao Beira-Rio e foi constantemente aplaudido na partida
Foto: Foto: AFP

No estádio os espaços vazios faziam com que, em alguns momentos, os gritos de Tite e o som da batida na bola em um chute ou passe fossem escutados. O silêncio diminuía por questões locais, quando Allison, goleiro que iniciou a carreira no Inter, ou Everton, gremista que entrou no segundo tempo, tocavam a bola. No caso de Everton, houve uma batalha de gritos, com colorados vaiando e gremistas vibrando quando ele recebia a bola. A facilidade com que o Brasil foi fazendo gols também parece ter feito com que a atenção dos torcedores se desviasse para o confronto clubístico com os atletas das equipes gaúchas.

Há, claro, o fato de que a Copa América, num contexto geral, ainda não empolgou os brasileiros. Muito porque o Série A do Brasileiro está em andamento, com jogos ocorrendo até a véspera da abertura do torneio da Conmebol. No domingo (9), uma hora após o Brasil massacrar Honduras, um dos clássicos mais tradicionais do país, o Flamengo x Fluminense, ocorreu no Rio.

Média de público

Depois da Copa do Mundo de 2014, o Brasil fez 14 jogos em casa, sob comando de Dunga e depois de Tite. O de maior público foi a vitória de 3 a 0 sobre a Argentina, no Mineirão, em novembro de 2016 já sob a batuta de Tite: 53.490 pagantes. A média de público do Brasil nesses 14 confrontos foi de 35,5 mil pagantes, bem acima do que esteve no Beira-Rio.