Perto de estreia, Brasil tem pior público em cinco anos e decepciona Tite

Apesar do show dentro de campo, o estádio Beira Rio não atingiu nem 30% de sua capacidade

Legenda: Treinador tem três vitórias e um empate em 2019 com a seleção
Foto: Foto: Jeferson Guareze/AFP

O Beira-Rio, em Porto Alegre, com capacidade para 50 mil pessoas, recebeu neste domingo (9) a maior goleada da seleção brasileira desde 2012, o 7 a 0 sobre Honduras, mas pouca gente viu o jogo no estádio. Os 16.521 pagantes constituem o menor público em jogos do Brasil em casa desde a Copa do Mundo de 2014. O público foi inferior ao de partida de janeiro de 2017, jogo em tributo aos mortos no acidente de avião da Chapecoense, contra a Colômbia no Engenhão e que teve apenas 18.695 torcedores presentes. Como não era uma data Fifa, esse confronto só teve atletas que atuavam no Brasil em campo.

"A minha expectativa era um público maior mesmo. Eu pensei que viesse mais gente. Mas não sei dizer o motivo de isso ter acontecido. A grana, talvez. Ou, se fosse o jogo valendo, teria um apelo maior. Ontem - treino aberto -, eu até fiquei contente, os atletas contribuíram bastante para um ato solidário. Esperava mais para hoje", disse o técnico Tite.

Às vésperas da estreia na Copa América, na próxima sexta-feira (14) contra a Bolívia, no Morumbi, a seleção passou os amistosos preparatórios sem ser vaiada, tanto contra o Qatar, em Brasília (vitória por 2 a 0), quanto frente aos hondurenhos. Na capital federal, houve assédio digno do time da CBF, mas Neymar ainda estava no elenco, o que aumenta o interesse.

Em Porto Alegre, a recepção foi fria. Seis torcedores estavam no hotel quando a delegação chegou, na quinta (7) à noite. No sábado, cerca de 5 mil pessoas estiveram no treino aberto, a cujo acesso era garantido doando 2 kg de alimento. Isso aumentou a expectativa de Tite para um bom público no domingo, o que não se concretizou. No estádio os espaços vazios faziam com que, em alguns momentos, os gritos de Tite e o som da batida na bola em um chute ou passe fossem escutados. O silêncio diminuía por questões locais, quando Allison, goleiro que iniciou a carreira no Inter, ou Everton, gremista que entrou no segundo tempo, tocavam a bola.

No caso de Everton, houve uma batalha de gritos, com colorados vaiando e gremistas vibrando quando ele recebia a bola. A facilidade com que o Brasil foi fazendo gols também parece ter feito com que a atenção dos torcedores se desviasse para o confronto clubístico com os atletas das equipes gaúchas. Há, claro, o fato de que a Copa América, num contexto geral, ainda não empolgou os brasileiros. Muito porque o Campeonato Brasileiro está em andamento, com jogos ocorrendo até a véspera da abertura do torneio da Conmebol. No domingo, uma hora após o Brasil massacrar Honduras, um dos clássicos mais tradicionais do país, o Flamengo x Fluminense, ocorreu no Rio.

Depois da Copa do Mundo de 2014, o Brasil fez 14 jogos em casa, sob comando de Dunga e depois de Tite. O de maior público foi a vitória de 3 a 0 sobre a Argentina, no Mineirão, em novembro de 2016 já sob a batuta de Tite: 53.490 pagantes. A média de público do Brasil nesses 14 confrontos foi de 35,5 mil pagantes, bem acima do que esteve no Beira-Rio neste domingo.