Justiça manda penhorar troféu de campeão mundial do Corinthians

A Justiça de São Paulo determinou nesta quinta-feira (8) a penhora da taça do Mundial de Clubes de 2012, conquistada pelo Corinthians após vitória por 1 a 0 contra o Chelsea, no Japão.

A decisão veio após processo aberto pelo Instituto Santanense de Ensino Superior, que cobra R$ 2,5 milhões do clube. O troféu terá seu valor avaliado antes da penhora.

Em 2006, a UniSant'Anna, de propriedade do Instituto, começou parceria com o clube que lhe garantia um espaço no Parque São Jorge, sede do Corinthians no bairro da zona leste de São Paulo. O local era alugado e servia como campus para a universidade.

No entanto, em 2008, quando Andrés Sanchez presidia o clube, a faculdade passou a alegar que a agremiação alvinegra impedia o acesso de alunos e funcionários, o que motivou o instituto a buscar uma indenização na Justiça.

Em 2010, o Corinthians foi condenado em primeira instância pela Justiça de São Paulo. Após vários recursos, a instituição tenta até hoje receber os valores aos quais tem direito, que, com as correções, chegam a R$ 2,5 milhões.

Não é a primeira vez que o instituto tenta receber o valor via execução judicial. Em agosto, a entidade quis bloquear o dinheiro da venda do meia Rodriguinho ao Pyramids FC, do Egito.

Na ocasião, o Corinthians admitiu ter uma dívida com o instituto, mas alegou que o valor ainda se encontrava em discussão na Justiça.

Sem ter conseguido receber o dinheiro ao qual tem direito, a instituição continuou insistindo nos tribunais com novos recursos.

Recentemente, o imbróglio ganhou um novo interessado. Na semana passada, a Prefeitura de São Paulo passou a acompanhar de perto a disputa por julgar ter direito a receber R$ 1.634.887,68 do Instituto Santanense por impostos não pagos.

Na terça-feira (6), o instituto acusou o Corinthians de fraude junto com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que antecipou ao clube o pagamento do prêmio de R$ 20 milhões pela classificação à final da Copa do Brasil.

A instituição conseguiu uma ordem judicial para penhorar a premiação após a disputa da final, mas o clube já havia recebido o valor antes do jogo.

Apesar da penhora do troféu, o clube alvinegro não ficará sem o objeto por enquanto. O Corinthians está apenas impedido de realizar atividades com a taça, que não pode ser levada para fora do Brasil ou vendida. No futuro, o troféu pode ir a leilão caso a dívida não seja quitada.

Em entrevista coletiva, o presidente do Corinthians Andrés Sanchez ironizou o procedimento judicial.

"Pelo menos o Corinthians tem duas taças de Mundial para penhorar, não é? Temos terreno, ônibus, carro, temos patrimônio. E dois Mundiais", disse o dirigente.

"Estava bem adiantado o acordo [entre Corinthians e Instituto Santanense para quitar a dívida], mas os advogados [do Instituto] quiseram uma nota midiática e fizeram isso com a taça do Mundial. O que tiver de pagar, vamos pagar. Os advogados devem torcer para outro time e fizeram isso", disse Andrés.

Nos últimos tempos, o Corinthians vem sofrendo com forte crise financeira. Em janeiro de 2018, por exemplo, o time alvinegro era a grande equipe brasileira com mais protestos registrados contra o CNPJ do clube: 53, que juntos alcançavam R$ 799.967,24.

Alguns desses protestos estavam sendo discutidos na Justiça. Uma das ações contra o Corinthians que obteve mais repercussão foi movida pela empresa Refine Comercial, que fornecia serviços de alimentação ao clube e cobrava cerca de R$ 130 mil.

O Corinthians havia anunciado acordo com a empresa no começo de 2018, mas voltou a ser acionado judicialmente em setembro, por R$ 3.900 referentes à correção monetária.

No mesmo mês, novo balancete patrimonial divulgado junto aos conselheiros do clube mostrou que o Corinthians superou a barreira dos R$ 500 milhões em dívidas.
No primeiro semestre, documentos mostravam aumento de cerca de 382% na dívida com a Arena Fundo de Investimento Imobiliário, responsável por receber as rendas de bilheteria para pagar pela construção do Itaquerão.

 


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