Impasse entre Azerbaijão e Armênia faz Arsenal cortar atleta de final

Mkhitaryan é da Armênia, país que já teve conflito, entre 1988 e 1994, com o Azerbaijão, local da partida. Geralmente, Azerbaijão não permite que estrangeiros de ascendência armênia entrem no seu território

Legenda: Em 2015, quando defendia o Borussia Dortmund, Mkhitaryan não viajou para um jogo da Liga Europa contra o Gabala, do Azerbaijão, pelo menos motivo.
Foto: Foto: AFP

Meia do Arsenal, Henrikh Mkhitaryan, de 30 anos, não viajará para Baku, no Azerbaijão, onde o clube disputará a final da Liga Europa, contra o Chelsea, dia 29 de maio. A decisão divulgada nesta terça (21) foi tomada, segundo o clube, para preservar o atleta de riscos a sua integridade física.

Mkhitaryan é da Armênia, país que já teve conflito, entre 1988 e 1994, com o Azerbaijão, local da partida. Mesmo depois de um acordo de um cessar-fogo, a relação diplomática entre os dois países não existe. O Azerbaijão geralmente não permite que estrangeiros de ascendência armênia entrem no seu território.

"Escrevemos para a Uefa expressando nossas profundas preocupações sobre essa situação. Nós exploramos todas as opções para que Micki faça parte da equipe, mas depois de discutir isso com Micki e sua família, concordamos coletivamente que ele não estará em nosso grupo de viagem", informou o Arsenal, em um comunicado em seu site oficial.

"Também estamos muito tristes que um jogador perca uma grande final europeia em circunstâncias como esta, já que é algo que surge muito raramente na carreira de um jogador", encerrou o comunicado.

Quando defendia o Borussia Dortmund, em 2015, Mkhitaryan não viajou para um jogo da Liga Europa contra o Gabala, do Azerbaijão, pelo menos motivo. O meia também não foi para o Azerbaijão, quando o Arsenal derrotou o Qarabag, por 3 a 0, em outubro passado. Na época, a Uefa ofereceu apoio que o atleta conseguisse visto para entrar no país.

Nesta segunda-feira (20), o embaixador do Azerbaijão no Reino Unido, Tahir Taghizadeh, fez um esforço diplomático e afirmou que não há motivo para preocupação.

"Eu diria [a Mkhitaryan] 'você é um atleta profissional, você é um jogador de futebol e um jogador de futebol de classe A', então vamos garantir que este seja um evento de classe A se nosso objetivo é fazer uma grande final", disse Taghizadeh, em entrevista ao canal de TV Sky Sports.

"Se o nosso propósito é fazer jogos políticos em torno disso, isso é algo diferente, mas espero que não seja, porque você [Mkhitaryan] está sendo pago como jogador de futebol, não como político, então vamos deixar outras questões de lado."

No Armênia, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores,  Anna Naghdalyan, afirmou que o Azerbaijão poderia usar o episódio como uma maneira de transmitir ao mundo um sinal de que o seu povo está preparado para viver em paz com outras nacionalidades. "Manifestações de racismo e xenofobia no esporte não devem acontecer", acrescentou Naghdalyan.

"A este respeito, a recusa do Azerbaijão em fornecer tais garantias e a proibição da entrada de supostos fãs de origem armênia não é senão uma nova manifestação de racismo, e isso põe em dúvida a realização de eventos internacionais similares no Azerbaijão", completou.


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