Fortaleza busca classificação inédita contra o Independiente na Sul-Americana

O Leão entra em campo hoje, às 21h30, na Arena Castelão, e tem a missão de reverter a derrota por 1 a 0 sofrida na ida, em Avellaneda. Expectativa é de estádio cheio, que recebe o 1º jogo oficial contra um time estrangeiro no Estado

Legenda: O Fortaleza busca uma classificação inédita para a Copa Sul-Americana
Foto: Foto: Camila Lima / SVM

Nesta quinta-feira (26), todos os caminhos levam à Arena Castelão. Após a invasão em Avellaneda, na Argentina, um novo ato será escrito pelo Fortaleza, às 21h30. Ao enfrentar o Independiente, pela Copa Sul-Americana, a jornada do ineditismo ultrapassa os 101 anos do Tricolor e escreve o capítulo de ascensão do futebol cearense: o primeiro jogo oficial contra um time estrangeiro na história do Estado, o capítulo nunca antes protagonizado foi tomado pelo vermelho, azul e branco.

E se o Leão é da realeza, o paradoxo é o ‘Rei de Copas’ argentino, o dono da maior quantidade de títulos da Taça Libertadores (7) e da Sul-Americana (2). O contato prévio, além da fronteira, trouxe um prejuízo mínimo diante da festa, euforia e encantamento.

Na bagagem, respeito e o placar de 1 a 0 que o obriga a buscar o triunfo. A equipe de Rogério Ceni começa então eliminada e tem que ao menos devolver o resultado, o que garante a disputa de pênaltis. Se conseguir aplicar dois gols de diferença, como 3 a 1, avança no mata-mata e chega aonde nenhum cearense foi.

A priori, assusta. Aos desavisados, o desconhecido é inerte, ineficaz e até inexperiente. O detalhe nesse enredo é o próprio Fortaleza e a habilidade de alcançar o improvável no escopo adversário. A saga do Pici é de ambição, de grandeza e de crescimento.

Começou em Juiz de Fora, Minas Gerais, com o acesso à Série B consolidado. Seguiu com as conquistas da Segundona, Copa do Nordeste e Campeonato Cearense no biênio 2018-2019, sendo oficializado em dezembro, após o triunfo por 2 a 1 diante do Goiás, no Serra Dourada.

O passado, sim, entra em campo. Tudo estará em jogo, qualquer ato de valentia ou glória na estratégia. E se a equipe esteve sem temor quando visitante, será a responsável pelo ambiente hostil na volta.

Legenda: Representantes das forças de segurança, da AMC e dos clubes se reuniram na Arena Castelão
Foto: Foto: divulgação / Fortaleza

Os preparativos para o embate épico foram encerrados no CT Ribamar Bezerra, em Maracanaú. O maior problema do técnico Rogério Ceni é quanto ao substituto do zagueiro colombiano Quintero, expulso na Argentina. 

A preocupação é tática e psicológica. Cerca de 40% do plantel participam de um evento internacional pela primeira vez, o que influencia na tensão do jogo. Assim, o alerta foi dado pela comissão técnica aos líderes do elenco.

“São duas palavras fortes para o jogo: foco e equilíbrio. A gente tem que ter muito foco e muito equilíbrio para não acontecer o que aconteceu com o Quintero e não acabar sendo expulso. Muita concentração para fazer uma grande partida e ficar próximo do nosso objetivo”, afirmou Juninho.

Com Paulão titular no setor defensivo, a lista de candidatos para a companhia do baiano tem os zagueiros João Paulo e Jackson, o volante Michel e o lateral Bruno Melo. O último surge como favorito pela aura de decisão, vínculo com o time e facilidade para atuar no lado esquerdo do campo.

Natural de Paracuru, vivenciou os oito anos de Série C desde o início e é a peça do profissional com mais tempo de clube: 11 temporadas. O sonho de defender a instituição se tornou tão realidade que o atleta, cria da base do Fortaleza, virou opção definitiva.

Agressivo no início

No calor da arquibancada, o ímpeto será oriundo dos 90 minutos. A torcida ‘solta o Leão’, que promete resistência e entrega diante do Rojo. 

A tática é a já conhecida, o esquema 4-2-4, com atacantes velocistas explorando o avanço das laterais enquanto Juninho e Felipe contribuem com a armação desde a defesa.
Dentro dos velhos moldes, o Leão evoluiu na 3ª temporada de Ceni. A estratégia extremamente ofensiva aprendeu a se retrair, evoluiu em compactação e sabe tanto atacar com a bola como sem.

Por isso, o meia Mariano Vázquez é trunfo guardado. O argentino, com passagem pelo arquirrival Independiente, tem a função de ser um falso 9 ao lado de Wellington Paulista, como forma de estender as duas linhas defensivas - o que transforma a equipe em um 4-4-2 sem a posse.

A depender do produzido na etapa inicial, o atacante David fica guardado para a manutenção do ritmo acelerado nos últimos minutos. O objetivo é evitar a falta de suplentes no 2º tempo, como foi na ida, quando Tinga e Marlon entraram para manter o sistema.

Crise argentina

O ano de 2020 do Independiente é um dos piores momentos da história do clube argentino. Tradicional e com investimento, a equipe venceu apenas uma das nove partidas anteriores do torneio local, sem chance qualquer de classificação para Sul-Americana ou Libertadores em 2021.

A esperança agora é o título da atual edição, objetivo máximo da diretoria do Rojo. No planejamento, a equipe chegou de voo fretado à capital cearense, apesar do atraso de quatro horas no percurso, e manteve o roteiro de foco nas atividades e concentração. O último treino foi no CT do Ceará, em Porangabuçu.

“Nós somos uma equipe que propõe o jogo. Buscaremos ser intensos na briga pelo resultado. Está ao nosso alcance a classificação, independentemente das partidas anteriores do campeonato, a partida é de copa, definirá uma situação e a expectativa é passar de fase”, explicou o técnico argentino Lucas Pusineri.
A delegação desembarcou com 23 atletas. A única baixa no jogo é o lateral-esquerdo Sánchez Miño, que recebeu cartão vermelho na 1º partida.

Ficha técnica

Fortaleza x Independiente-ARG

Competição: 2ª fase da Copa Sul-Americana
Data: 27 de fevereiro
Horário: 21h30
Local: Arena Castelão, em Fortaleza

Fortaleza: Felipe Alves; Tinga, Bruno Melo, Paulão e Carlinhos; Felipe e Juninho; Osvaldo e Romarinho; Wellington Paulista e Mariano Vázquez. T: Rogério Ceni.

Independiente: Campaña; Bustos, Alan Franco, Alexander Barboza e Gastón Silva; Braian Romero, Lucas Romero, Domingo Blanco e Gastón Togni; Cecilio Domínguez e Silvio Romero. T: Lucas Pusineri.