Em crise e 1º rebaixado do Brasil em 2020, Horizonte pode não jogar mais no ano

Paulo Wagner considera que, pela crise financeira que o clube cearense passa, até a participação da Fares Lopes é incerta

Legenda: Galo do Tabuleiro foi rebaixado à 2ª divisão estadual com uma rodada de antecedência
Foto: Foto: José Leomar

O ano de 2020 mal começou para o Horizonte e já pode acabar. Rebaixado à segunda divisão do Campeonato Cearense, o 1º do Brasil a alcançar o feito nesta temporada, após a derrota por 4 a 1 contra o Floresta, na última quarta-feira (22), o Galo do Tabuleiro vive uma de suas maiores crises dentro e fora das quatro linhas. A dúvida, neste momento, é se a equipe ainda vai jogar na temporada.

Teoricamente, a Taça Fares Lopes, disputada em setembro, seria a próxima missão do time da Região Metropolitana. Porém, o presidente do clube, Paulo Wagner, não garante a participação do Galo no torneio estadual. O motivo? A situação financeira da equipe até lá é uma incógnita.

"Não sei se o Horizonte vai participar da Fares Lopes. A situação não está fácil. Vamos nos reunir com a Prefeitura, que patrocina o time, e discutir o que vamos fazer. Está nas mãos dela", declarou Wagner, que também analisou o desempenho do Horizonte nos seis jogos que disputou neste ano. Dos 27 atletas do elenco principal, cerca de 20 eram do sub-20.

"O desempenho foi zero. De um time jovem assim, não podemos cobrar tanto. A ideia era trazer seis reforços, mas sem o dinheiro na mão, não foi possível", lamentou o presidente do Horizonte, que planeja uma reunião com o prefeito da cidade de Horizonte, Chico César, para alinhar o futuro do time.

O único ponto conquistado pela equipe metropolitana na competição foi no empate com o Caucaia, estreante na elite estadual. Com o pior ataque (2 gols) e a 2ª pior defesa da 1ª fase do Cearense, o treinador da equipe horizontina, Roberto Carlos, avalia que a decepção já era imaginada.

"O time é jovem, não teve investimento nenhum. Era esperado o resultado. Íamos contratar uns seis atletas pra puxar a garotada, mas não tinha dinheiro. Jamais queríamos isso, o rebaixamento. Já estamos na 2ª divisão e temos que terminar com dignidade", contou o técnico, que ainda comanda o Galo diante do Pacajus neste sábado (25), às 16h, fora de casa.

Recomeço

Roberto está em sua 3ª passagem como treinador do Horizonte, tendo chegado em 2019 para disputar a Fares Lopes. Em 2007, foi campeão da 2ª divisão cearense com o clube e vice do 2º turno no ano seguinte. Mais de uma década depois, o comandante acredita que "um recomeço total da estrutura do clube" é necessário neste momento.

"Quem está de fora não sabe a situação em que estamos. Fazemos um bom time com as espinhas dorsais. O garoto com mais idade do ataque tem 20 anos e nunca jogou uma competição profissional. Se quem tem experiência sente, imagina quem não tem", falou Roberto Carlos.

Incerto sobre seu futuro com o Galo do Tabuleiro, ele não garante sua permanência na equipe técnica para o restante da temporada.

"Não sei se continuo. Moro em Horizonte há muito tempo e não sei dos planos do clube. Mas a gente fica no mercado, à disposição", declarou o técnico, que construiu sua carreira como treinador praticamente inteira no Estado do Ceará.