Castelão vai ter capacidade máxima até julho, confirma Secretário de Esportes; confira a entrevista

Titular da Pasta fala de desafios da gestão esportiva, novas metas do Governo do Estado e diz que estádio será reaberto no Clássico-Rei em 1ª de fevereiro

Legenda: Secretário do Esporte, Rogério Pinheiro, é ligado aos esportes radicais
Foto: Foto: José Leomar

De skate, Rogério Nogueira percorre as entranhas da Arena Castelão no dia a dia do expediente. Com formação acadêmica em Direito e em Relações Públicas, faz do ofício um ato de diálogo. Paciência que é dádiva da gestão, especificamente da Secretaria de Esporte e Juventude (Sejuv) do Ceará.

Aos 45 anos, o meio político tornou-se hábito com o avanço da idade. Após atuar na Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social e no Departamento Nacional de Obras

Contra as Secas (Dnocs), Rogério chega ao segundo mandato à frente da Pasta. Apresentando gabinete no estacionamento do principal estádio cearense e fã de modalidades radicais, o secretário concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste e projetou um 2020 de grandes públicos, Seleção Brasileira na Capital e temporada de vitórias aos clubes de futebol.

Legenda: Rogério Pinheiro havia atuado como analista da Secretária de Esportes antes de assumir a pasta em definitivo
Foto: Foto: José Leomar

Secretário, você tem capacitação em Direito e atuou por diversos campos do Governo, mas qual o seu verdadeiro contato com o esporte?  
"Nunca fui um atleta profissional, mas fui aquele jovem que experimentou tudo. Pratiquei bicicross, skate, bodyboard, vôlei, basquete, judô e futebol. No lado competitivo, me identifico com motociclismo. Quando era mais novo, participei até de edições de rali, sempre como hobbies. Hoje, essa experiência me ajuda a dialogar com atletas e federações, porque temos uma visão de diálogo maior, de olhar para quem pratica esporte".

O ano de 2019 foi o seu primeiro como secretário da Pasta. De que forma avalia o início da sua gestão?
"Tenho carreira militar e lá, para você ser oficial, precisa ser soldado antes. Eu vim da administração pública, atuou em diferentes setores e estava no Dnocs, onde aprendi a olhar para o Estado de outra forma, com mais conhecimento sobre o interior. Tudo isso me deu bagagem, um conhecimento que fez com que eu chegasse a janeiro de 2019 sabendo o que precisava ser feito. Conduzimos as ações com muita transparência, sempre conversando com as federações e ampliando os processos de parceria. Foi um ano de aprendizagem importante".

E para 2020, quais as principais metas da Secretaria?
"No Governo de Camilo Santana (PT), a prioridade sempre é a juventude. No fim de 2019, ele sancionou a Lei de Superação, que possibilita a união de todas as pastas em prol de uma pauta esportiva. É uma administração intersetorial que envolve recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop). Vamos intensificar o projeto neste ano, com diversas ações para a juventude. O esporte será o vetor da atração, mas teremos também capacitação, acompanhamento pedagógico, participação do Corpo de Bombeiros e muito diálogo porque o objetivo macro é possibilitar a formação cidadã com perpetuação da educação, tipo uma orientação vocacional".

O projeto das areninhas tem papel de destaque nessa inclusão da juventude?
"Sim. Temos 82 areninhas disponíveis hoje e a previsão é encerrar 2020 com 220 equipamentos, um crescimento superior a 100%. O investimento é possível porque aquele espaço tem transformado a região onde é instalado. Criamos o Esporte Três Tempos, um projeto que inclui jovens de 7 a 17 anos, e vamos fazer ainda uma copa contemplando todas as areninhas do Estado do Ceará, como na Taça das Favelas. Estamos fechando parceria com os clubes profissionais para ajudar na revelação de novos talentos do futebol cearense. Hoje, atendemos 4 mil crianças. Com a ampliação, vamos abarcar mais jovens. Ainda iremos criar a Rede de Esporte Comunitário e melhorar a ocupação das praças da nossa Capital".

Já partindo para o âmbito profissional, uma dúvida: por que a Arena Castelão precisou trocar o gramado?
"A quadra invernosa de 2019 castigou muito, o gramado estava com problema no solo, muito compactado, e uma argila se criou. A grama não conseguia se infiltrar, ai o espectador assistiu ao jogo e em um carrinho, um volume do gramado ficava exposto, não tinha uma raiz fincada. Em conversas com técnicos e agrônomos, a melhor solução era mudar tudo porque aquilo estava no Castelão desde a Copa das Confederações, em 2013. Até fizemos tratamento paliativo no ano passado, mas recebemos o maior volume de jogos oficiais de todo o Brasil, é muito desgaste. A Arena Castelão tinha até uma manta de fibra de vidro para drenagem e a gente fez a remoção, escavamos 30 cm para replantar tudo. Agora, é receber adubação, tratamentos finais, para ficar tudo pronto no mais alto nível oferecido no mercado".

A expectativa é que a manutenção da Arena Castelão seja concluída quando?
"O torcedor pode ficar tranquilo porque a reinauguração da Arena Castelão será logo com um Clássico-Rei (1º de fevereiro), e ainda teremos 56 mil lugares com a reposição de cadeiras que Ceará e Fortaleza estão realizando. Como sempre, teremos um gramado de boa qualidade. A Sejuv entende que o estádio é um espaço exclusivo para os atletas profissionais, por isso não recebemos nenhum jogo fora do calendário oficial. São dois times na Série A, o Ferroviário na Série C, o 2º maior público de um clube na 1ª divisão e o Estado que mais lotou a arquibancada. Temos muita expectativa para 2020 porque teremos a Sul-Americana e pode ter certeza que o dia 26 de fevereiro vai receber uma das maiores festas do futebol nacional (partida do Leão contra o Independiente, da Argentina, pela 1ª fase do torneio continental, inédito para o time)".

Chegamos aos 56 mil espectadores, mas o que falta para a capacidade máxima da Arena Castelão?
"Temos uma discussão com a Luarenas (empresa que geriu a Arena Castelão até 2018) com relação ao que foi quebrado quando a gestão era deles e vamos entrar com ação judicial para que façam o ressarcimento. A minha vontade era de iniciar a temporada com a capacidade máxima do estádio, de 63.963. Infelizmente, o Governo é bastante burocrático, necessita de processo licitatório. Foi aberto um primeiro no dia 10 de dezembro, mas os participantes colocaram o preço acima do valor cotado. Agora estamos na segunda licitação, que tramita na Central do Estado. Estamos acelerando o processo ao máximo porque tenho certeza de que o torcedor cearense vai lotar o estádio por completo. Durante o começo de fevereiro será aberto o processo e em 30 ou 40 dias, o prazo de fornecimento será preenchido. O plano é ter a capacidade máxima do Castelão no primeiro semestre de 2020 sem interromper nenhuma partida, a injeção não precisa disso".

As reformas podem ajudar a Arena Castelão a receber um jogo da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022?
"Nós tivemos uma reunião recente com integrantes da CBF por causa do jogo amistoso master entre Brasil e Itália, que ocorreu no Estádio Presidente Vargas (PV). O secretário geral da entidade, Walter Feldman, gostou do resultado e vamos fazer uma parceria com a CBF para a execução de projetos sociais nacionais. A execução daquele jogo proporcionou uma atmosfera muito bonita e isso nos habilitou ainda mais a trazer um jogo das Eliminatórias de 2022. A gente vem conversando com gestores e desde já estamos tentando. Temos algumas questões limitadoras, como as cadeiras, mas estamos resolvendo isso e o objetivo é trazer pelo menos um jogo da Seleção Brasileira nessa competição. Historicamente, as grandes arrancadas do Brasil saíram de Fortaleza, aquela tradição de cantar o hino também. Somos um talismã. Estamos fazendo o possível para deixar o estádio atrativo. É começar a rodada política".


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