O momento de transição

É difícil para a comissão técnica, atletas, diretores e torcedores o momento de transição na montagem de uma equipe. O Fortaleza vem experimentando situação assim. Observem que até Rogério Ceni há demonstrado impaciência diante dos fatos e resultados. A derrota para o Horizonte expôs problemas que tinham sido sinalizados na derrota para o Atlético. Perder para dois times de menor poder levantou terrível questionamento: como encarar a Série A Nacional, se tropeça diante de modestos no "estadual"? Fazer gol é uma arte. Pois essa arte está em falta no time tricolor. Gustavo está cada vez mais presente na memória da torcida do Fortaleza. Não há distância que o separe. Apesar de há muito no Corinthians, Gustavo, o Gustagol, continua no imaginário da torcida ainda vestido com a camisa do Leão. A cada gol perdido pelos atacantes do Fortaleza, a lembrança de Gustavo surge como um vulto e incorpora na ausência uma figura presente, que teima em não largar as inesquecíveis lembranças de tantos e memoráveis gols assinalados pelo time tricolor. Período de transição é assim: ora volta ao passado, ora vive o presente, enquanto aguarda o futuro.

Sem desespero

Na minha avaliação, não há ainda motivos para desespero no time do Fortaleza. Há motivos para revisão de conceitos. O próprio treinador Rogério Ceni precisa também entender que as coisas mudaram. O seu discurso já reclama colocações mais arejadas. Ficar batendo na mesma tecla de um camisa dez e um atacante não resolve. No momento, tem de resolver com o que está à sua disposição.

Detesto

Não suporto futebol em dias de Carnaval. O espírito carnavalesco leva a marchinhas como Jardineira, que Orlando Silva imortalizou. Para não ficar nas músicas mais antigas, vou de Turbilhão que Moacir Franco também imortalizou. Bandeira Branca na voz de Dalva de Oliveira. Aí colocam programação de futebol, de Sábado Gordo a Quarta-feira de Cinzas. Tenho de suportar. São os ossos do Ofício.

Goleiro

Fernando Henrique, que para muitos não mais sairia da reserva, ressurgiu de repente na vitória sobre o Foz do Iguaçu. Tornou-se herói como nos velhos tempos. Por instantes fez esquecer até Everson, o goleiro ídolo mais recente.

O atacante Roger, segundo ele próprio, retornou ao Ceará para resgatar a dívida de não ter dado certo na primeira passagem pelo clube em 2011. Mas, pelo que houve diante do Foz, Roger vai contrair outra dívida. Ele esteve mal. Ainda assim, torço para que ele reencontre seu melhor futebol e quite com gols uma dívida que não pode ser paga com outra moeda.

Clássico muda tudo. Uma coisa é o Fortaleza perder para o Atlético e para o Horizonte; outra coisa, bem diferente, é enfrentar o Ceará. No clássico, tudo se nivela. Apesar de o alvinegro estar numa posição privilegiada, não há como estabelecer favoritismo. A história do clássico é rica em surpresas e superações. A energia da hora é que define quem vai se sobrepor.