No tempo dos intocáveis

Hoje, há jogadores e técnicos que não admitem um comentário desfavorável, mesmo que construtivo. Julgam-se acima do bem e do mal. O despreparo de alguns para o estrelato termina produzindo vários atletas e treinadores com o rei na barriga. Assim no futebol, assim na música, assim no rádio, assim na televisão. Interessante: no começo de suas carreiras, quando ainda não em evidência, é comum pedido do noviço no sentido de ganhar espaços na mídia. Depois, já ungido à categoria das celebridades, a imprensa torna-se para ele presença desagradável. Eu não sei a razão por que alguns agentes reagem assim. Creio ser questão de caráter da pessoa, revelado em momentos assim. Houve na década de 1960 uma formação do Náutico de Recife denominada de Os Intocáveis. Timaço com ataque composto por Nado, Bita, Nino e Lala. Jogadores notáveis, mas simples. Nado, anos depois, jogou no Fortaleza e no Ceará. Já os intocáveis de hoje têm outro sentido. Na verdade, são intoleráveis porque, não raro, bobos e intolerantes. Ainda bem há também celebridades simples, que sabem passageira a glória, efêmera a vida.

Glórias

Feliz o atleta que, após encerrar a carreira, sabe colher os frutos de seu sucesso em campo e de sua simpatia e interação com o público. Quando passam as conquistas em campo, não raro alguns ídolos perdem o encanto perante o público e voltam a ser novamente simples mortais, de carne e osso, como qualquer um de nós. Aí estranham e lutam para outra vez ganhar espaços na mídia. Alguns conseguem; outros, não.

Arrogante

Não conheço nenhum ídolo arrogante continuar abraçado pelo público após pendurar as chuteiras. A arrogância tem o lado negativo de apagar os feitos históricos de qualquer pessoa, quer no seu campo de atuação profissional, quer no âmbito da vida privada. Ídolo tem que arcar com o ônus da popularidade. Se assim não for, deveria ser monge num mosteiro isolado, longe do bulício do mundo.

Comparação

Voltou a comparação entre Pelé e Messi. Ora, Messi é craque, mas Pelé está muito acima. Quem tiver dúvida cuide de ver o filme "Pelé Eterno". Só aí já verá a diferença a favor do Rei.

Unanimidade

Luís Otávio, zagueiro do Ceará, tem seus méritos aplaudidos pelo público e pela crônica especializada. Não sei como Luís Otávio ainda não despertou a atenção dos grandes clubes do Sul e do Sudeste. Desde o tempo do Icasa, em 2013, ele já demonstrava elevado grau de eficiência. É muito bom.

Dois de uma tacada caíram no mesmo dia: o técnico do Guarany-S, Anderson Batatais, e do Horizonte, Gilmar Silva. Os dois estavam com aproveitamento de 25% e fora da zona de classificação. Demitir treinador é uma prática imediatista bem própria do futebol brasileiro. Não tem jeito.