Naturalizado catari, cearense sonha em jogar a Copa do Mundo

Natural de Jaguaruana, Luiz 'Ceará', como é conhecido no Catar, tornou-se ídolo no futebol do país e tem passagens pela seleção. Ele diz que vai lutar para estar no grupo que irá ao Mundial em 2022. Antes, ele foca na Copa América

As mãos cearenses seguram uma camisa desconhecida por muitos. No peito esquerdo, o escudo da seleção do Catar, país-sede da Copa de 2022. Na parte de trás da camisa, o nome "LUIZ" e o número seis. O uniforme é dele mesmo, Luiz 'Ceará', como é conhecido no Oriente Médio. Nascido em Jaguaruana, interior do Estado, ele saiu cedo do Brasil. Como vários meninos brasileiros, o sonho de jogar futebol o levou ao outro lado do mundo. Lá há 10 anos, não pensa em voltar.

O caminho até Doha não foi simples. Luiz começou na base do Uniclinic, hoje Atlético/CE, comandado por Marcelo Vilar. O clube tinha parceria com o Athletico/PR e Luiz ficou seis meses no Paraná. A experiência que não deu certo o fez pensar em desistir.

Na temporada seguinte, de volta ao Uniclinic, um jogo contra o Ceará pelo Campeonato Cearense iria mudar a sua carreira. A partida contou com a presença de Osmar Loss, à frente da base do Inter, que veio para observar Siloé, do Vovô. A boa atuação de Luiz chamou a atenção de Loss, que fez de tudo para levá-lo. No Sul, ele não rendeu como queria, principalmente por causa de "decisões ruins", como ele mesmo fala.

A vida no Catar

Prestes a desistir da carreira de vez, Luiz recebeu uma oferta do futebol romeno. "Já estava tudo certo pra ir pra Romênia, mas aí um pessoal do Catar falou com meu empresário, que (eles) queriam montar um time com vários jovens". Sem falar uma palavra do idioma local, Luiz se juntou a mais cinco jovens brasileiros para testes. Ele foi o único a ficar no Al Duhail, mesmo que o time não precisasse de um volante, sua função. Lá, começou muito bem: campeão da 2ª divisão nacional, com direito à oferta de cidadania catari das mãos do dono do clube e membro da família real, Abdullah al Thani.

Luiz começou a ser convocado para a seleção do Catar. Desde 2013, já são mais de 20 convocações oficiais. "Antigamente tinha o sonho de jogar pela Seleção Brasileira. Mas depois da naturalização, eles me apresentaram um projeto com muita qualidade na área do futebol e da minha vida pessoal. Hoje, não trocaria isso por nada".

O foco agora é a Copa América deste ano, no Brasil. O Catar jogará como país convidado. "É o sonho de qualquer um jogar contra o Brasil, Argentina e outras seleções sul-americanas. Vai ser uma experiência bem diferente se acontecer mesmo. Quero levar minha família". O ano de 2022 também promete ser especial. Como o país será sede da Copa do Mundo, ele pode ter uma grande oportunidade. "Tento não fazer previsões com prazo tão longo. A Copa é só daqui a três anos, mas vou fazer de tudo para estar no grupo".


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